“Encontrei crianças de apenas nove anos que já haviam tentado se matar e que falavam abertamente sobre pôr fim à vida”, disse Anna Keistat, da Anistia e uma de vários observadores internacionais a visitar Nauru. “Seus pais falavam em esconder tudo, objetos afiados, pílulas, e não permitir que saíssem de casa por estarem muito temerosos de que seus filhos pusessem fim à vida”, contou Keistat, que passou seis dias em Nauru em agosto.
Muitos dos 410 homens, mulheres e crianças que os registros australianos mostravam estar detidos em Nauru até 31 de agosto foram confirmados como refugiados e estão no local há vários anos. O porta-voz do ministro da Imigração da Austrália, no entanto, não respondeu de imediato a um pedido de comentário sobre o relatório.
Apesar da condição de refugiados, eles continuam a ficar confinados em acomodações precárias com pouco acesso a cuidados médicos, relatou a Anistia, acrescentando que as crianças, que representam pouco mais de um décimo dos detidos, sofrem de maneira desproporcional. A Anistia se uniu a um coro de entidades de direitos humanos críticas à política imigratória australiana, e seu alerta vem à tona poucas semanas depois de a Organização das Nações Unidas (ONU) ter dito que Nauru está falhando na proteção às crianças.
O repúdio internacional à Austrália foi atiçado depois que mais de 2.000 incidentes, incluindo abuso sexual, agressão e tentativas de danos autoinfligidos, foram relatados em cerca de dois anos no centro de detenção australiano de Nauru. Mais da metade dos casos relatados nos últimos dois anos envolviam crianças, de acordo com notícia do jornal britânico The Guardian.
(Com Reuters)
Você precisa estar logado para postar um comentário Login