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Avião sequestrado quase atingiu o Palácio do Planalto há 37 anos

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Em 29 de setembro de 1988, o voo 375 da Vasp, com 98 passageiros e 7 tripulantes, foi sequestrado por Raimundo Nonato Alves da Conceição, que tinha a intenção de colidir o Boeing 737 contra o Palácio do Planalto, em Brasília, com o objetivo de matar o então presidente José Sarney.

Naquela época, os aeroportos do Brasil não dispunham de detectores de metal nem aparelhos de raio-x. Raimundo embarcou armado com um revólver calibre .32 em Belo Horizonte. Pouco após a decolagem, ele anunciou o sequestro, atirou contra um comissário e invadiu a cabine. Ao tentar comunicar com o controle aéreo, o copiloto Salvador Evangelista foi atingido fatalmente na nuca.

Décadas depois, a filha do copiloto, Wendy Evangelista, atualmente psicóloga, recorda a dor da perda de seu pai, que ocorreu próximo ao seu aniversário de 8 anos.

“Ele tinha pedido para mudar seu voo para poder estar comigo no meu aniversário. No dia da sua morte, corri pedindo ajuda de familiares e vizinhos. Quando finalmente entrei em casa com minha mãe e vi a mala dele, percebi que algo grave havia acontecido, pois a mala estava lá, mas ele não”, relata.

Hoje, Wendy auxilia pessoas que têm medo de voar e enfrenta as marcas causadas por essa tragédia. Em 2023, a história ganhou destaque com o lançamento do filme “O Sequestro do Voo 375” na Disney Plus.

“Meu pai faleceu, mas as ações dele e do comandante salvaram muitas vidas. Essa é uma história que precisa ser lembrada”, afirma.

Contexto

O sequestrador, ex-tratorista de 28 anos e desempregado, estava frustrado com a crise econômica e culpava o governo pela situação difícil em que vivia.

O comandante Fernando Murilo, que faleceu em 2020, reagiu corajosamente: realizou manobras arriscadas, como um giro completo no ar e uma queda controlada de 9 mil metros, com o intuito de desestabilizar Raimundo. A tática deu certo e o avião foi pousado em Goiânia, salvando muitas vidas.

O sequestro terminou com a prisão de Raimundo Nonato Alves da Conceição, que foi ferido em uma troca de tiros e faleceu alguns dias depois.

Posição da Força Aérea Brasileira

A Força Aérea Brasileira, por meio do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), informou que o Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA) já permitia, desde 1986, a interceptação de aeronaves em voo que oferecessem risco à ordem pública ou à segurança interna. Essa autoridade pode utilizar todos os recursos necessários para forçar o pouso da aeronave em local determinado, aplicando o princípio da legítima defesa de terceiros.

Posteriormente, em 1998, a Lei do Abate (Lei nº 9.614) regulamentou a possibilidade de derrubar aeronaves consideradas hostis, após esgotadas todas as medidas legais coercitivas. Essa ação é regulamentada por decretos presidenciais, incluindo os decretos nº 5.144/2004 e nº 12.542/2025, utilizado na Operação Brics.

Além disso, o decreto nº 11.195/2022 criou o Programa Nacional de Segurança da Aviação Civil contra Atos de Interferência Ilícita (PNAVSEC), que reforça protocolos para proteger operações aéreas contra ameaças, tanto em solo quanto durante o voo.

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