Brasil
Banco Central alerta que fraqueza nas reformas pode aumentar juros
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) declarou, em ata divulgada nesta terça-feira (24/6), que a redução do empenho nas reformas estruturais, a disciplina fiscal e o crescimento do crédito podem elevar a taxa de juros.
O comunicado surge em um contexto de críticas crescentes ao governo federal para apresentar medidas de contenção de despesas. A administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, enfrenta fortes cobranças de agentes financeiros e do Congresso Nacional.
De acordo com o BC, “o enfraquecimento no esforço de reformas estruturais e da disciplina fiscal, o aumento do crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública podem elevar a taxa neutra de juros da economia, prejudicando a eficácia da política monetária e, por consequência, aumentando o custo para controlar a inflação sem afetar a atividade econômica”.
A ata também ressalta que uma política fiscal contracíclica, que contribua para a diminuição do risco percebido pelo mercado, ajuda a direcionar a inflação para a meta desejada. O documento destaca que o debate recente, especialmente sobre a dimensão estrutural do orçamento e a redução gradual de gastos tributários, pode influenciar a percepção sobre a sustentabilidade da dívida e impactar o prêmio da curva de juros.
Além disso, o colegiado enfatizou que as políticas devem ser previsíveis, confiáveis e anticíclicas, reforçando a necessidade de uma harmonização entre as políticas fiscal e monetária.
Como funcionam os juros no Brasil
A taxa Selic é o principal instrumento utilizado para controlar a inflação pelo Banco Central. O Copom é responsável por decidir se a taxa será cortada, mantida ou aumentada, buscando conter o aumento dos preços no país.
Elevar os juros tende a reduzir o consumo e os investimentos, pois torna o crédito mais caro e desacelera a economia, contribuindo para a queda dos preços.
A inflação dos alimentos tem sido um desafio para o presidente Lula. Projeções recentes indicam que o mercado não espera que a taxa de juros volte a níveis de dois dígitos baixos durante o governo Lula e o mandato do presidente do BC, Galípolo.
A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 29 e 30 de julho.
Fim do ciclo de alta dos juros e Selic em 15%
Na reunião da semana passada, o Copom decidiu, por unanimidade, aumentar a taxa básica de juros de 14,75% para 15% ao ano, sendo esta a sétima alta seguida em um ciclo de apertos começado em setembro de 2024.
Essa é a taxa Selic mais alta em quase 20 anos, sendo a maior desde julho de 2006, no final do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A decisão de elevar a taxa em 0,25 ponto percentual se justifica pela resiliência da economia, que dificulta a convergência da inflação para a meta estabelecida, exigindo maior rigor na política monetária.
Por outro lado, o Copom indicou o término do ciclo de aumentos dos juros, que foi considerado rápido e firme, para observar os efeitos das elevações já feitas.
O comitê também espera que a taxa Selic permaneça em 15% por um período prolongado, pois grande parte dos efeitos do aperto monetário ainda não foram totalmente sentidos.
Segundo o Copom, a taxa de juros adequada deve continuar em nível bastante restritivo por um período extenso, devido às expectativas inflacionárias ainda elevadas e distantes da meta.
Para 2025, a meta de inflação está fixada em 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 pontos percentuais para cima ou para baixo, ou seja, entre 1,5% e 4,5%. A meta será considerada alcançada se a inflação permanecer dentro desses limites.


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