Economia
Banco Central enfrenta grande desafio para reduzir inflação a 3%, afirma Galípolo

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que, mesmo com a taxa básica de juros, a Selic, em 15%, a economia brasileira demonstra resiliência. Ainda assim, segundo Galípolo, a autoridade monetária precisa continuar seus esforços para que a inflação no Brasil se aproxime da meta oficial de 3%.
“Em todos os indicadores percebemos sinais de uma economia resistente, especialmente nos setores de serviços, mercado de trabalho e contas externas. O Banco Central observa esses dados para direcionar a inflação para a meta”, explicou Galípolo durante o evento Macro Vision, organizado pelo Itaú BBA, que analisa tendências econômicas e políticas no país.
Galípolo destacou que o mercado de trabalho nunca foi tão dinâmico nos últimos 30 anos, impulsionado por reformas econômicas recentes. No entanto, ele também apontou sinais de desaceleração econômica, como a valorização do real, que ajuda a reduzir preços dos alimentos, mas enfatizou que o Banco Central deve manter uma postura cautelosa e racional.
“As decisões do BC são baseadas em uma análise ampla de dados, não apenas em uma única variável. As expectativas de inflação futura ainda estão acima do desejado, o que preocupa, assim como a inflação atual que permanece acima da meta”, disse Galípolo.
Em relação à taxa Selic de 15%, Galípolo reafirmou que o Banco Central nunca a considerou baixa, especialmente se comparada a outros países ou à história brasileira.
“O compromisso legal do BC é reduzir a inflação para 3%, não apenas equipará-la à média de outras economias emergentes. A futura trajetória para alcançar essa meta será lenta devido às incertezas atuais, exigindo esforços contínuos da autoridade monetária”, afirmou, garantindo que o Banco Central manterá uma postura firme e sem atalhos nessa tarefa.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em setembro, o Banco Central decidiu manter a taxa Selic em 15% ao ano, patamar que já é o mais alto desde 2006. A expectativa é que essa taxa permaneça elevada por um período prolongado, possivelmente até 2026.
Sobre o impacto das tarifas impostas por Donald Trump, Galípolo esclareceu que a discussão inicial foi sobre os reflexos no crescimento econômico do Brasil, e não diretamente sobre a inflação.
“Caso esses aumentos de preços cheguem de forma fragmentada, podem provocar uma elevação adicional da inflação”, alertou o presidente do BC.

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