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Banco de leite materno no Quênia ajuda bebês prematuros

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Rodeada por incubadoras, Grace-Ella, de apenas quatro dias, é alimentada com leite doado por mulheres que não são suas mães no Hospital Maternidade Pumwani, em Nairóbi, único local no Quênia que oferece esse suporte essencial para bebês prematuros.

Na África Oriental, aproximadamente 134 mil bebês nascem prematuros por ano, conforme dados oficiais. As complicações ligadas a essa condição são a principal causa de morte neonatal na região.

Mães que têm bebês muito antes do tempo frequentemente enfrentam dificuldades para produzir leite materno suficiente. Por isso, muitas recorrem a substitutos em pó que podem ser menos nutritivos e aumentar o risco de infecções, especialmente se a água usada para preparar o leite estiver contaminada.

O banco de leite materno do Quênia, criado em 2019 com apoio da ONG Path e recursos britânicos, possibilita que bebês como Grace-Ella recebam a generosidade de outras mulheres.

“Foi uma experiência realmente emocionante”, recorda a mãe Margaret Adhiambo, que desconhecia essa opção antes de dar à luz com 30 semanas de gestação.

Ela confessa que, inicialmente, sentiu-se insegura. “Eu me sentia culpada, como se não pudesse amamentar minha filha”, explica. Mas, no final, “isso foi importante porque ela não ficou desnutrida”, acrescenta.

Importância do banco de leite

A maternidade de Pumwani é a única no país que oferece esse serviço, algo raro também no restante do continente africano. A África Subsaariana concentra 43% das mortes neonatais mundiais, apesar de abrigar menos de 16% da população global, de acordo com o Banco Mundial.

Bebês com baixo peso ao nascer enfrentam vários riscos à saúde, e o leite materno pode ser decisivo para melhorar suas chances de sobrevivência.

“Quando alimentamos os bebês com leite materno, percebemos que eles se desenvolvem mais rapidamente em comparação com aqueles que recebem leite artificial”, destaca a médica responsável pelo programa, Muthoni Ogola.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que menos da metade dos recém-nascidos no mundo são alimentados exclusivamente com leite materno.

Uma das principais vantagens do leite materno são os anticorpos que fortalecem a imunidade do bebê, observa Hannah Wangeci Maina, enfermeira na maternidade de Pumwani, que atende até 90 pacientes.

“Costumamos ter muitas mães esperando para doar leite materno”, relata.

Durante uma visita, Hannah Wangeci Maina acompanhou Esther Wanjiru, de 22 anos, em seu processo de doação. Ela passou por testes para detectar doenças infecciosas, como HIV e hepatite, antes de extrair o leite.

“É gratificante ajudar”, disse a mãe de primeira viagem. “A extração é semelhante a uma massagem”, comentou com um sorriso tímido.

O leite doado é analisado antes e depois da pasteurização, depois é congelado e pode ser armazenado por até 12 meses.

Desafios de financiamento

Para a equipe do hospital, é difícil aceitar que os recursos disponíveis só permitam abastecer as crianças internadas na unidade, além de doações esporádicas para outros dois hospitais.

Embora o banco de leite materno seja uma alternativa mais econômica que as fórmulas artificiais, os equipamentos necessários são caros, explica a diretora da maternidade Pumwani, Christine Kiteshuo.

“Alguns aparelhos só podem ser adquiridos na Europa ou nos Estados Unidos, o que dificulta nossa obtenção”, ressalta.

O hospital gostaria de ampliar o atendimento a mais mães, especialmente aquelas que vivem em áreas vulneráveis, sem acesso a geladeiras ou água potável.

“Essa é uma das dificuldades que enfrentamos atualmente. Não conseguimos fornecer apoio para mães fora das dependências do hospital”, lamenta Christine Kiteshuo.

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