Economia
Banco Mundial: saídas de dívida dos países em desenvolvimento atingem maior nível em 50 anos
Entre 2022 e 2024, as nações em desenvolvimento desembolsaram US$ 741 bilhões a mais em pagamentos de dívidas e juros do que receberam em financiamentos frescos, conforme relatório recente do Banco Mundial divulgado em 3 de abril. Esta diferença negativa é a mais alta dos últimos cinquenta anos.
Embora 2024 tenha trazido alguma melhora devido ao pico dos juros globais e à reabertura do mercado de títulos, o custo das captações externas se manteve elevado, chegando a um rendimento médio de 10% ao ano, o que representa o dobro dos níveis anteriores a 2020.
Apesar disso, US$ 90 bilhões em dívidas foram renegociados, o valor mais alto desde 2010, e investidores de títulos aportaram US$ 80 bilhões líquidos.
Indermit Gill, economista-chefe do Banco Mundial, destacou: “As condições financeiras globais podem estar melhorando, mas os países em desenvolvimento não devem se iludir, pois ainda enfrentam riscos significativos.” Ele recomenda que os governos aproveitem esse período de respiro para realizar ajustes nas finanças públicas.
A dívida externa total dos países de baixa e média renda chegou a um recorde de US$ 8,9 trilhões em 2024. Deste montante, US$ 1,2 trilhão corresponde a 78 países elegíveis para recursos da Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA).
Somente em juros, esses países pagaram US$ 415 bilhões no ano passado — valor que poderia ser destinado a educação básica, saúde primária e infraestrutura essencial.
Com o aumento do custo do crédito oficial, o Banco Mundial se tornou o principal financiador líquido dos países da IDA, fornecendo US$ 18,3 bilhões a mais do que recebeu em pagamentos e concedendo US$ 7,5 bilhões em doações.
Diante da escassez de opções de crédito barato, muitos governos passaram a recorrer ao mercado interno. Em mais da metade dos 86 países com dados disponíveis, o endividamento nacional aumentou em ritmo superior ao da dívida externa, conforme destacou o Banco Mundial.


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