Economia
Bancos firmam empréstimo de R$ 12 bilhões para os Correios aguardando aprovação do Tesouro
Um consórcio composto por cinco bancos acordou uma oferta para liberar R$ 12 bilhões em empréstimos aos Correios. A estatal está aguardando a entrega da documentação, prevista para acontecer até o final desta sexta-feira (12).
Essa proposta ainda precisa passar pela avaliação do Tesouro Nacional, que atuará como garantidor da operação. As instituições participantes devem ser a Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander.
A empresa registra um déficit de R$ 6,05 bilhões de janeiro a setembro deste ano e está buscando recursos para equilibrar suas finanças. Desde 2022, o prejuízo acumulado ultrapassa R$ 10 bilhões.
As negociações ganharam impulso após a participação da Caixa Econômica Federal entre os bancos dispostos a financiar a estatal, conforme antecipado pela Coluna do Estadão.
Recentemente, o Tesouro reprovou um pedido inicial de empréstimo no valor de R$ 20 bilhões feito pelos Correios, após bancos solicitarem juros correspondentes a 136% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI). O Tesouro estipulou um teto de juros em 120% do CDI conforme definido pelo Comitê de Garantias.
Com os recursos, a estatal planeja quitar uma dívida de R$ 1,8 bilhão, pagar fornecedores em atraso, financiar um programa de demissão voluntária (PDV) e investir em estratégias para ampliar sua participação no mercado de encomendas, além de desenvolver novas fontes de receita.
Esta semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou que as negociações estavam avançadas e que existia a possibilidade de o governo realizar um aporte financeiro na empresa, desde que dentro das regras do arcabouço fiscal.
“Um caminho possível é um aporte que pode ser necessário caso não se alcance acordo com o grupo de bancos que financiará a reestruturação da companhia. Não vamos comprometer a situação por conta da falta de entendimento de algumas instituições financeiras”, afirmou o ministro.
De acordo com ele, diversas nações encontraram soluções para manter serviços essenciais das estatais sem recorrer à privatização, adicionando serviços financeiros, previdência e seguros aos serviços postais.
Em resposta à crise, o governo federal editou um decreto que permite a empresas estatais federais não dependentes que enfrentam dificuldades operacionais apresentarem planos de reequilíbrio econômico-financeiro, incluindo possíveis aportes do Tesouro.
“Esse novo mecanismo estabelece um caminho estruturado para que estatais federais possam enfrentar desafios conjunturais sem, imediatamente, serem classificadas como dependentes do Tesouro Nacional”, destacou o Ministério da Gestão em comunicado.
Para voltar a ter lucro em 2027, os Correios necessitarão passar por uma reestruturação que prevê ajustes entre R$ 6 bilhões a R$ 8 bilhões no orçamento anual, por meio de cortes de despesas e incremento de receitas. Fontes próximas à estatal indicam que esse valor está sendo trabalhado pela diretoria atual e representa um desafio significativo.
A partir de 2027, a meta é retomar a lucratividade, conforme declarou o presidente da empresa, Emmanoel Rondon, em entrevista coletiva realizada em outubro. A empresa deverá atuar simultaneamente na redução de custos e expansão das receitas.
Essa economia, entre R$ 6 bilhões e R$ 8 bilhões, é complexa, especialmente considerando a previsão de redução de gastos de R$ 1,4 bilhão com o Programa de Demissão Voluntária (PDV), destinado a 15 mil funcionários, conforme divulgado pela estatal.
Além disso, os Correios decidiram adiar a nomeação dos candidatos aprovados no concurso de 2024, que agora ocorrerá apenas em 2027.

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