Belém rejeita Donald Trump e dá título de persona non grata

A Câmara Municipal de Belém, no Pará, aprovou nesta última quarta-feira (6) um pedido formal declarando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como persona non grata.

A iniciativa foi apresentada pelo vereador Alfredo Costa (PT) e tem caráter simbólico, sem implicações legais.

Os vereadores justificaram a ação como uma reação ao aumento de tarifas impostas por Trump sobre produtos brasileiros, que chegaram a 50%. O caso acontece em meio às discussões da COP30, que Belém sediará em 2025.

12 parlamentares votaram favoravelmente. Em resposta, o deputado estadual Rogério Barra (PL) enviou um pedido à embaixada dos EUA para que suspenda os vistos dos vereadores que aprovaram o título.

Nas redes sociais, Barra argumentou ser inadmissível que, às vésperas da COP30, vereadores usem a Câmara Municipal para criar um conflito diplomático que pode prejudicar não apenas a cidade, mas todo o Brasil, em um momento de tensões globais.

Na véspera do aumento das tarifas, o presidente Lula afirmou que acredita no sucesso do governo e declarou que sua gestão será cada vez mais alinhada com a esquerda e o socialismo.

Ele ressaltou que não pretende contatar o presidente americano para discutir as tarifas, mas planeja convidá-lo para a COP30.

— Vou ligar para o Trump para entender seu posicionamento sobre a questão climática — ressaltou Lula.

Espera-se que os EUA não enviem delegação para a conferência do clima.

Tarifas

A sobretaxa de 50% imposta pelos EUA sobre produtos brasileiros começou a valer nesta quarta-feira, uma semana após Donald Trump assinar uma ordem executiva que oficializou a medida. O presidente americano condicionou a redução dessas tarifas a uma anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no julgamento relacionado à trama golpista.

A decisão acrescentou uma tarifa extra de 40%, somada aos 10% que já tinham sido anunciados em abril, totalizando 50% sobre as importações brasileiras.

O governo norte-americano estabeleceu quase 700 exceções a essa tarifa adicional em produtos essenciais para o mercado dos EUA, entre cerca de 4 mil itens exportados pelo Brasil.

Dentre as exceções estão aeronaves da Embraer, componentes de aviões como turbinas, pneus e motores, suco de laranja, castanhas, diversos materiais derivados de madeira, celulose, ferro-gusa, minério de ferro, equipamentos elétricos e petróleo.

No entanto, importantes produtos brasileiros como café, cacau, carne e frutas ficaram sujeitos à tarifa adicional, sem isenção.