Economia
Bloqueio de saques, venda de ativos e acionamento do FGC: entenda a liquidação do Banco Master
A decisão do Banco Central (BC) de intervir no Banco Master e iniciar sua liquidação extra-judicial representa o começo de um processo que pode se estender por vários anos.
Embora o bloqueio imediato das contas e a ativação do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) ocorram rapidamente, a liquidação total envolve diversas fases, tais como inventariar os bens, vender ativos, lidar com disputas judiciais e pagar os credores gradativamente. O encerramento formal da instituição só acontece após a conclusão completa desse ciclo.
Etapas do processo:
- Intervenção e liquidação
O processo segue fases formais que incluem o bloqueio de contas, indenização pelo FGC, avaliação dos bens do banco, venda dos ativos e pagamento dos credores. O Banco Master Múltiplo foi colocado em Administração Especial Temporária (RAET), com gestão controlada pelo BC por um período limitado.
Com a liquidação, as contas e operações do Master S.A. foram bloqueadas, impedindo que clientes façam saques, transferências ou movimentações.
- Nomeação do liquidante
Um liquidante é designado pelo Banco Central para substituir a diretoria anterior e assumir total controle da instituição.
Ele realiza um levantamento detalhado dos bens e dívidas do banco, normalmente em 60 a 90 dias, identificando os ativos como imóveis e carteiras de empréstimos, e os passivos, incluindo obrigações financeiras com clientes e fornecedores.
- Ativação do FGC
A liquidação aciona automaticamente o Fundo Garantidor de Créditos, que protege valores até R$ 250 mil por pessoa ou empresa em cada banco. Clientes com depósitos dentro desse limite recebem indenização diretamente do FGC.
Pagamentos começam entre 10 e 20 dias após a decretação, conforme análise dos dados do banco.
Aqueles com valores superiores acabam se tornando credores da massa liquidada, recebendo valores conforme os ativos são vendidos.
- Venda dos ativos
Após o inventário, o liquidante inicia a venda dos ativos, que pode durar anos. Isso inclui negociar carteiras de crédito e vender imóveis, participações e títulos públicos.
A venda dos ativos gera recursos para a quitação dos credores, sendo a velocidade influenciada pelo mercado e pela complexidade dos ativos.
- Prioridade nos pagamentos
A legislação estabelece uma ordem para distribuir os recursos: primeiro os créditos trabalhistas, depois os credores com garantias reais, seguido pelo ressarcimento ao FGC, os credores quirografários e, por último, os acionistas, que raramente recebem algo.
- Regime especial do Banco Central
Durante a liquidação do Master S.A., o Banco Master Múltiplo está sob RAET, permitindo ao BC gerir a instituição por até 180 dias, com possibilidade de extensão.
O BC busca reorganizar operações e alternativas como a transferência de carteiras ou venda do banco.
Se não houver solução, o Master Múltiplo pode também ser liquidado.
- Possível falência
A liquidação, embora representando o fim das operações, pode não ser o último estágio.
A conclusão do levantamento financeiro pode levar o BC a recomendar à Justiça a decretação da falência se não houver patrimônio suficiente para cobrir as obrigações.
A partir daí, o processo torna-se judicial, com nomeação de síndico, organização formal dos credores e venda dos bens remanescentes.
O Ministério Público pode intervir se forem encontradas irregularidades.
Nem sempre a falência é decretada, pois o processo de liquidação pode resolver o encerramento.

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