Economia
Bolsa Família 2023-2025: menos beneficiários e benefícios menores
Um estudo recente com dados oficiais do governo mostra que, entre o início de 2023 e outubro de 2025, o programa Bolsa Família teve redução no número total de famílias atendidas e no valor total destinado aos benefícios.
O levantamento, feito pelos professores Valdemar Pinho Neto e Marcelo Neri, da Escola de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV EPGE), revela que mensalmente mais famílias saem do programa do que entram. Isso indica uma rotatividade ativa, sugerindo sustentabilidade no programa.
Lançado em 2023, o Novo Bolsa Família vem renovando os beneficiários ao longo do tempo. Segundo o relatório “Filhos do Bolsa Família – Uma Análise da Última Década”, quase um terço (31,25%) das famílias que recebiam o benefício no começo de 2023 já não estavam mais incluídas em outubro de 2025.
A pesquisa demonstra que o Bolsa Família atua como amparo em momentos de dificuldade financeira e não fomenta dependência contínua dos recursos.
“Mesmo em período menor que três anos, o programa está ligado à transição para condições financeiras mais independentes, especialmente na fase em que o ingresso no mercado de trabalho é mais frequente”.
A chamada Regra de Proteção garante que as famílias possam permanecer no programa temporariamente mesmo quando a renda superior ao limite de entrada, funcionando como um amortecedor entre o auxílio e o trabalho formal.
Isso previne quedas abruptas na renda, reduz o receio de aceitar empregos oficiais ou formalizar como Microempreendedor Individual (MEI) e garante prioridade na reintegração ao programa caso a renda volte a cair.
O lançamento do estudo contou com a presença do ministro do Desenvolvimento, Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, que destacou a importância do programa para o crescimento do consumo entre as camadas mais pobres.
Segunda geração
O estudo reforça que o Bolsa Família é uma combinação de proteção social eficiente e promoção da mobilidade socioeconômica. Vários filhos de beneficiários acabam deixando de depender do programa no futuro.
A pesquisa acompanhou famílias beneficiárias desde 2014, focando em crianças e adolescentes, e observou que uma parte significativa da ‘segunda geração’ não depende mais do Bolsa Família.
Em 2025, 60,68% dos beneficiários de 2014 já não recebiam o auxílio. A taxa é maior entre jovens de 11 a 14 anos (68,8%) e 15 a 17 anos (71,25%). Nas áreas urbanas, a saída entre jovens de 6 a 17 anos chega a 67,01%.
A escolaridade do responsável pela família também influencia: onde a pessoa responsável concluiu o ensino médio, quase 70% dos jovens nessa faixa etária saíram do programa na última década.
Essa independência em relação ao Bolsa Família acompanha uma saída importante do Cadastro Único (CadÚnico) e maior inserção no mercado de trabalho formal. Por exemplo, entre os jovens de 15-17 anos em 2014, mais da metade sai do CadÚnico até 2025, e 28,4% têm emprego formal em 2023.


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