Bolsonaro enfrenta divisões para eleger aliados no Congresso em 2026

Com o objetivo de conquistar metade das cadeiras do Congresso Nacional em 2026, o ex-presidente Jair Bolsonaro tem encontrado obstáculos para consolidar alianças políticas nos estados. O partido PL, ao qual pertence, enfrenta conflitos internos em seus diretórios estaduais sobre candidaturas, enquanto nomes de outros partidos buscam apoio mesmo sem a anuência do líder maior da direita.

Faltando um ano para o início das campanhas eleitorais, debates importantes precisam ser solucionados em ao menos seis estados: Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Ceará.

Atualmente afastado temporariamente para tratar uma esofagite, Bolsonaro deve retomar a condução dessas negociações a partir de agosto. Integrantes do PL avaliam que o ex-presidente só intervirá diretamente nas contendas onde o partido, liderado por Valdemar Costa Neto, não conseguir acordos pacíficos até setembro.

Grande atenção está voltada para as articulações regionais em relação à disputa ao Senado, pois serão renovadas 54 vagas — dois terços da Casa. A meta é garantir maioria no Senado, que tem papel decisivo em aprovar indicados a tribunais superiores e analisar processos de impeachment.

Bolsonaro já demonstrou a interlocutores sua disposição de abrir mão de algumas candidaturas ao governo estadual para priorizar nomes competitivos ao Senado. Para isso, será necessário conter candidaturas independentes em estados onde o bolsonarismo enfrenta divisões, como no Rio de Janeiro, onde o governador Cláudio Castro (PL) busca apoio do ex-presidente para garantir a segunda vaga ao Senado, complementando a tentativa de reeleição de Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

O senador, filho do ex-presidente, destacou que o PL buscará resolver essas questões com diálogo e que, na ausência de acordo, a decisão final caberá a Bolsonaro, cujo apoio é fundamental para qualquer candidatura dentro do partido.

No Rio, a situação também envolve o presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União Brasil), pré-candidato ao governo com resistências internas. Ao assumir o governo interinamente, Bacellar exonerou aliados considerados adversários, o que tem ampliado a tensão entre grupos políticos locais, incluindo o clã Bolsonaro.

Essas disputas têm dividido a direita no estado e provocado contestação dentro do PL à escolha de Bacellar pelo ex-presidente.

No Rio Grande do Sul, a situação é semelhante. Bolsonaro anunciou apoio aos deputados Coronel Zucco para governador e Sanderson para senador, mas discordâncias internas levaram o ex-ministro Onyx Lorenzoni a abandonar o PL e ingressar no PP. Há discussão sobre lançar candidatura própria ou tentar uma aliança com o vice-governador Gabriel Souza (MDB), para evitar a divisão dos votos conservadores.

No âmbito das candidaturas ao Senado, o vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente, prepara postulação por Santa Catarina, considerada uma base segura para ampliar a bancada de senadores da direita. Essa indicação gerou insatisfação entre deputadas locais que também pleiteavam apoio para o cargo.

Em Minas Gerais, o deputado federal Nikolas Ferreira lidera uma ala do PL que apoia o deputado estadual Cristiano Caporezzo para o Senado, contrariando o deputado Domingos Sávio, outro pré-candidato no partido.

Em Goiás, houveram avanços para solucionar embates, como a desistência do vereador e ex-deputado federal Major Vitor Hugo de disputar o Senado, o que pôs fim a disputas com o deputado Gustavo Gayer. Entretanto, permanece a dúvida sobre a possível candidatura do senador Wilder Morais ao governo estadual, assunto que o ex-presidente ainda não decidiu.

No Ceará, uma coalizão liderada pelo ex-governador Ciro Gomes (PDT) busca unir forças de direita contra o governador petista Elmano Freitas. O PL local, presidido pelo deputado federal André Fernandes, defende candidatura própria, rejeitando alianças.