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Boulos critica condução da Câmara por Motta e cobra imparcialidade
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou nesta sexta-feira, 12, que o atual presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), está cometendo falhas graves na gestão da Casa. Segundo Boulos, Motta está atuando com dupla moral.
“Não é aceitável como as questões têm sido tratadas na Câmara dos Deputados. Levar adiante o projeto de anistia polêmica e apoiar sua aprovação configura um erro sério, que desconsidera o sentimento do povo brasileiro”, declarou Boulos, referindo-se à aprovação da lei que reduz penas para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Quando questionado sobre as declarações do líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), que sugeriu a renúncia de Motta, o ministro evitou uma resposta direta: “Lindbergh é líder do PT. Eu sou deputado licenciado (do PSOL) e atualmente atuo no governo”, explicou.
Boulos também ressaltou que Motta aplicou critérios diferentes ao ordenar que a Polícia Legislativa da Câmara retirasse à força o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) do plenário na última quarta-feira, episódio que gerou agressões a parlamentares e jornalistas.
“No mesmo dia da votação da anistia controversa, houve aquela lamentável cena de agressões envolvendo jornalistas e parlamentares, enquanto, recentemente, deputados bolsonaristas ficaram por dois dias no plenário e foram tratados com brandura”, criticou o ministro da Secretaria-Geral.
Glauber Braga teve o mandato suspenso por seis meses, mas não foi cassado. Da mesma forma, a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP), que foi condenada pelo STF a dez anos de prisão por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com auxílio do hacker Walter Delgatti Neto, também não teve o mandato cassado. Entretanto, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, determinou que ela perca seu mandato imediatamente.
O PT, movimentos sociais e artistas convocaram manifestações para o próximo domingo, 14, com o lema “Democracia não se negocia”, protestos que visam criticar o Congresso, principalmente a Câmara, pela aprovação da redução de pena para Bolsonaro e outros condenados.
Boulos sinalizou que há uma “força-tarefa da extrema direita” em andamento, com a intenção de pressionar o Supremo Tribunal Federal. “Querem conquistar o Senado nas eleições de 2026 para chantagear o Judiciário, não por um projeto de país”, afirmou o ministro.
Em 2026, disputarão 54 das 81 cadeiras do Senado. Aliados de Bolsonaro acreditam que uma maioria na Casa lhes permitiria aprovar o impeachment de ministros do STF.
“Eles querem ameaçar o Judiciário para anistiar um grupo de golpistas”, completou Boulos, destacando que a esquerda vai formar uma ampla coalizão para vencer os bolsonaristas.
Deputado federal mais votado pelo PSOL, Boulos não concorrerá à reeleição, pois, se o fizesse, teria que deixar o governo no começo de abril do próximo ano.

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