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Economia

Brasil e EUA: desafios e amplas chances de parceria

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Apesar dos obstáculos imediatos, a relação entre Brasil e Estados Unidos continua repleta de diversas possibilidades para cooperação e investimentos, abrangendo setores como energia, data centers, inteligência artificial (IA), combustível sustentável para a aviação (SAF), agronegócio, ações climáticas e bioeconomia, segundo líderes empresariais, autoridades e especialistas presentes no evento “Brasil-US Energy and Tech Forum 2025”, realizado em Nova York pelo Valor em parceria com a Amcham Brasil.

O cônsul-geral do Brasil em Nova York, o embaixador Adalnio Ganem, expressou confiança na continuidade da sólida amizade entre os dois países.

As relações foram impactadas em julho pela imposição de tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras, embora muitas tenham depois recebido exceções com taxas menores.

Ganem manifestou otimismo sobre a perspectiva de longo prazo e destacou as oportunidades do Brasil em energias renováveis e na agenda ambiental.

O debate, ocorrido no Lotos Club, fundado em 1870, foi considerado relevante devido à proximidade da COP30, às transformações na geopolítica global, nas cadeias de suprimentos e nos avanços tecnológicos:

— O desenvolvimento sustentável requer um esforço conjunto, e a participação do setor privado é fundamental — afirmou Ganem.

Participaram representantes de ambos os países, reforçando a importância do diálogo aberto e da busca por soluções colaborativas, conforme destacou a diretora de Redação do Valor, Maria Fernanda Delmas, na abertura.

Na abertura, o CEO da Amcham Brasil, Abrão Neto, ressaltou que os temas discutidos são cruciais num momento em que a relação bilateral enfrenta desafios, funcionando como propulsores da economia e catalisadores de investimentos globais:

— Estes temas, como cenários de energia, IA, minerais críticos, agricultura, tecnologias sustentáveis, energias renováveis e o caminho para a COP30, representam oportunidades únicas para um trabalho conjunto entre EUA e Brasil, que é vital num momento que exige um renovado impulso nas relações — disse Abrão Neto.

O ex-embaixador dos EUA no Brasil, Michael McKinley, que participou de um painel sobre minerais críticos e cadeias de abastecimento, compartilhou visão semelhante:

— Olhando para segurança e oportunidades, os dois países devem aproveitar o momento.

Ele destacou que, diante da concentração chinesa na produção desses minerais, Brasil e EUA têm potencial para cooperar mais estreitamente:

— Confio que, superadas as dificuldades atuais, um acordo será alcançado, posicionando o Brasil não só como suporte, mas como potencial processador de minerais.

Grande parte das discussões enfatizou a agenda energética. A energia renovável é vista como um grande atrativo para empresas que desejam investir no Brasil, conforme comentou Thomas Kwan, vice-presidente do Instituto de Pesquisas de Sustentabilidade da Schneider Electric.

— Isso funciona como um verdadeiro imã — afirmou ao participar do painel sobre o futuro das energias renováveis e combustíveis fósseis.

No entanto, ele apontou um desafio para a distribuição eficiente da energia limpa, especialmente a gerada no Nordeste, devido a limitações nas linhas que levam ao Sudeste, principal região consumidora. A solução, segundo Kwan, está em desenvolver uma infraestrutura digital que elimine tais gargalos.

Marcelo Felipe Alexandre, subsecretário adjunto de Economia do Mar do Estado do Rio, comentou que a transição para novas fontes de energia deve ser gradual e socialmente responsável:

— Não adianta extinguir empregos em um setor sem criar oportunidades em outro.

O fornecimento de energia renovável é também crucial para a instalação de data centers e o avanço da inteligência artificial. Renato Ciuchini, sócio do Grupo FS, alertou para a competitividade global do setor:

— Sem estrutura de custos competitiva e um quadro regulatório claro, o Brasil não conseguirá atrair data centers.

Ele informou que atualmente 60% dos dados de empresas brasileiras são processados fora do país, representando uma potencial perda de receitas de cerca de US$ 8 bilhões. Também mencionou problemas na Medida Provisória do Redata, que prevê incentivos para data centers, mas impõe que a energia seja proveniente de plantas renováveis ainda não operacionais, o que inviabiliza o regime devido ao tempo necessário para implantação, enquanto a revolução da IA ocorre de forma acelerada.

O painel que fechou o evento abordou a COP30. Dan Byers, vice-presidente de políticas do Instituto Global de Energia da Câmara de Comércio dos EUA, elogiou os esforços brasileiros em incluir o setor privado nas discussões climáticas e relatou que muitas empresas americanas planejam investir no Brasil:

— Esta será minha quinta COP e é notável ver a evolução, com a COP se transformando em uma grande feira climática onde negócios apresentam suas soluções.

O professor Carlos Nobre destacou a importância da COP30, afirmando que o mundo enfrenta uma emergência climática sem precedentes.

O evento “Brazil-US Energy and Tech Forum 2025” contou com a apresentação da JBS, patrocínio master da Philip Morris Brasil, apoio do Grupo FS, Banco da Amazônia, Governo do Rio de Janeiro, CNI e Latam Airlines como companhia aérea oficial.

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