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Economia

Brasil e EUA devem baixar juros pela terceira vez desde julho

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Taxa deve continuar caindo no Brasil até início de 2020; nos EUA, investidores não sabem se este corte será o último

Dólar e Real: economia fraca, desemprego alto e inflação baixa formam combinação favorável a novos cortes na taxa de juros brasileira (TARIK KIZILKAYA/Getty Images)

São Paulo — Tanto o Banco Central brasileiro quanto o Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, devem anunciar mais um corte na taxa básica de juros de seus países nesta quarta-feira – ou a “super quarta”, como o mercado já convencionou chamar o dia de reuniões simultâneas dos comitês dos dois países. Esta deve ser a terceira reunião consecutiva, desde o final de julho, em que tanto o BC, no Brasil, quanto o Fed, nos EUA, reduzem os juros.

No Brasil, o grosso das apostas é de uma nova redução de 0,5 ponto percentual, o que levaria a Selic, a taxa básica do país, dos atuais 5,5% para 5% ao ano.

A tão aguardada aprovação da reforma da Previdência, em 22 de outubro, e o encaminhamento pelo governo de outras reformas estruturais, como a administrativa (que reformula o serviço público), deixaram o caminho livre para uma nova redução. São medidas que ajustam os gastos públicos e, no longo prazo, reduzem pressões de custo e inflação que puxam os juros para cima. O texto da Previdência aguarda agora a promulgação.

O consenso é, também, de que este é só o meio do caminho: os juros brasileiros devem cair ainda mais. O Focus, boletim semanal do Banco Central com projeções do mercado para a economia, aponta a Selic em 4,5% até o final deste ano. Muitas casas de análise já falam em uma taxa de 4% em 2020. A Selic começou 2019 a 6,5% e, no pico de 2016, chegou a 14,25%.

Por trás da queda, estão duas grandes forças. A primeira delas é a economia fraca e o desemprego persistentemente alto. Juros baixos são uma maneira de estimular o consumo e aquecer a atividade econômica. A outra força é a inflação, que, tanto quanto os juros, está em níveis historicamente baixos. Isso também dá larga folga para o BC testar novas mínimas na Selic, já que um dos efeitos colaterais de juros muitos baixos é o risco de aumento descontrolado dos preços e esta possibilidade, por ora, está bem afastada.

Nos 12 meses até setembro, o IPCA, índice oficial de inflação, acumula 2,89%. O PIB tem alta de 1% em um ano até o segundo trimestre e o desemprego, em agosto, era de 11,8%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Se, no Brasil, o cenário para continuidade de redução dos juros é bem claro, nos Estados Unidos as dúvidas são um pouco maiores. Para esta quarta-feira, a grande expectativa é de que o Fed promova mais um corte, de 0,25 ponto. Com isso, a taxa norte-americana vai para a banda de 1,5% a 1,75%. Não há clareza, entretanto, se o presidente do Fed, Jerome Powell, deve sinalizar para novos cortes ou para uma pausa depois disso.

Dados mais fracos do que o esperado para os setores da indústria e dos serviços no país alimentam a possibilidade de novos cortes, junto a um movimento global de desaceleração econômica. Por outro lado, o andamento de um possível acordo na guerra comercial entre EUA e China aliviam a tensão que a disputa colocou sobre as economias globais e justificaria, também, uma suspensão em cortes futuros dos juros.

A decisão do Fed será anunciada no mesmo dia que o PIB norte-americano foi divulgado. Em 12 meses, a economia americana cresceu 1,9%. Também divulgado nesta “super quarta”, o indicador deve trazer mais clareza sobre o real alcance de uma desaceleração sobre a economia do país.

Na dúvida, investidores preferiram a cautela. O Ibovespa, principal índica da bolsa de valores brasileira, fechou a terça-feira em queda de 0,58%, de volta aos 107 mil pontos, depois de ter passado dos 108 mil pela primeira vez e batido um novo recorde histórico na segunda-feira. Nas bolsas americanas, o índice Dow Jones caiu 0,07% e o S&P 500 recuou 0,08%.

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