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Brasil e Índia querem vagas fixas no conselho de segurança da ONU

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, nesta terça-feira (8), em Brasília, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. O encontro ocorreu no Palácio da Alvorada, marcando a visita de Estado do líder do país mais populoso do planeta com 1,4 bilhão de habitantes. Modi veio à capital federal após participar, nos últimos dias, da cúpula do Brics, no Rio de Janeiro.

Em declaração à imprensa após a reunião bilateral, Lula defendeu um protagonismo maior de Brasil e Índia na governança global e voltou a pedir que os dois países passem a ser membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Lula afirmou: “O mais importante é que Brasil e Índia possuem um potencial extraordinário e, por isso, reivindicamos o direito de integrar o Conselho de Segurança da ONU. Já não é aceitável ver a ONU sendo enfraquecida e desconsiderada. E os membros fixos do Conselho, que deveriam ser os guardiões da paz, muitas vezes são os que mais incentivam os conflitos”.

Na mesma direção, Modi destacou que a aproximação entre os dois países é um fator essencial para a estabilidade global. “Essa parceria entre Índia e Brasil é uma base crucial de estabilidade e equilíbrio. Acreditamos que todas as controvérsias devem ser resolvidas por meio do diálogo e da democracia. Nossas posições na luta contra o terrorismo estão alinhadas, com tolerância zero”, comentou.

Lula ressaltou que o fortalecimento de iniciativas conjuntas em áreas estratégicas é fundamental para a relação bilateral. “Dois países de grande importância como a Índia e o Brasil não podem ficar distantes. A força de nossas democracias, a diversidade cultural e a robustez de nossas economias nos aproximam”, afirmou.

Comércio bilateral

O presidente também defendeu a expansão do Acordo Mercosul-Índia para diminuir barreiras comerciais e realçou o potencial do intercâmbio entre as duas economias. “Atualmente, apenas 14% das exportações brasileiras para a Índia são cobertas pelo acordo. Há muito a avançar”, apontou Lula, mencionando a necessidade de intensificar contatos nos setores de turismo, negócios e intercâmbio cultural.

A Índia é o décimo maior parceiro comercial do Brasil. Em 2024, o comércio bilateral alcançou US$ 12 bilhões. As exportações brasileiras foram de US$ 5,26 bilhões, com destaque para açúcar, petróleo bruto, óleos e aviões. As importações somaram US$ 6,8 bilhões, posicionando a Índia como a sexta maior origem de importações para o Brasil.

Narendra Modi declarou que é possível aumentar significativamente esse fluxo comercial: “Estabelecemos a meta de dobrar o comércio nos próximos cinco anos, mirando alcançar US$ 20 bilhões. Trabalharemos juntos para ampliar o acordo comercial entre Índia e Mercosul”.

Acordos firmados

Entre os pactos assinados pelos dois líderes estão um acordo de cooperação no combate ao terrorismo e ao crime organizado transnacional, um memorando na área de energia renovável focado em transmissão de energia, e um memorando para compartilhamento de soluções digitais em larga escala para a transformação digital.

Na agenda ambiental, Lula destacou o protagonismo dos dois países. “Chegaremos à COP 30 como líderes na transição energética justa. Vamos demonstrar que é possível conciliar a redução das emissões de gases de efeito estufa com crescimento econômico e inclusão social”.

Lula frisou que a Índia é o mercado de bioenergia que mais cresce no mundo e tem como meta aumentar para 20% a mistura de etanol na gasolina e para 5% a proporção de biodiesel no óleo diesel.

O presidente brasileiro também mencionou que, em agosto, Brasil e a ONU realizarão em Nova Délhi a segunda rodada do Balanço Ético Global para mobilizar a sociedade civil em preparação à COP30. A candidatura da Índia para sediar a COP 33 também reforça o papel dos países emergentes no combate às mudanças climáticas, ressaltou Lula.

Críticas a Trump

Ao final da coletiva, Lula criticou a reação do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação às ameaças de tarifas contra os países do Brics. “Rejeitamos qualquer crítica à realização da reunião do Brics. Discordamos veementemente da declaração do ex-presidente Trump ontem, em que insinuou que aplicaria taxas às nações que negociarem com o Brics”.

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