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Brasil e Nigéria fortalecem laços com novos acordos em visita oficial

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o Brasil deseja aumentar o comércio com a Nigéria, destacando que ambos os países apoiam o livre comércio em meio ao aumento do protecionismo global. Na segunda-feira (25), Lula recebeu o presidente nigeriano, Bola Tinubu, no Palácio do Planalto, durante uma visita oficial, e enfatizou a importância do desenvolvimento africano.
Ele observou que o intercâmbio comercial entre Brasil e Nigéria caiu significativamente na última década, de US$ 10 bilhões em 2014 para US$ 2 bilhões no ano passado, sendo a Nigéria o quarto maior parceiro comercial brasileiro na África.
“Nos últimos anos, o Brasil se distanciou da África. As duas maiores economias da América Latina e da África devem aumentar seu intercâmbio”, afirmou em entrevista.
Lula ressaltou que, com o ressurgimento do protecionismo, Brasil e Nigéria reafirmam seu compromisso com o livre comércio e a integração produtiva, buscando um mundo pacífico e sem imposições hegemônicas.
Dentre os setores para cooperação futura estão agricultura, pecuária, petróleo, gás, fertilizantes, aeronaves e maquinário. Atualmente, as exportações brasileiras para a Nigéria consistem principalmente em açúcares e melaços, enquanto as importações são dominadas por fertilizantes e petróleo.
Lula destacou a dívida histórica do Brasil com a África, referente aos 350 anos de escravidão, e afirmou que essa dívida deve ser paga com solidariedade, transferência de tecnologia e ajuda para o desenvolvimento agrícola africano baseada em uma relação igualitária e fraterna.
Segundo ele, o Brasil deve ajudar a África a alcançar um desenvolvimento semelhante ao seu, compartilhando conhecimento e tecnologia, especialmente na agricultura.
O presidente nigeriano, Bola Tinubu, falou sobre a juventude de sua população, pronta para trocar informações e aproveitar oportunidades tecnológicas. Ele reconheceu que o Brasil possui os recursos que a Nigéria necessita.
Tinubu também destacou o interesse da Nigéria na produção de medicamentos genéricos, já consolidada no Brasil, e em parcerias na exploração de gás natural com a Petrobras, ressaltando que, apesar de ser o terceiro maior produtor de petróleo da África, a Nigéria ainda não obtém o valor comercial esperado dessa produção.
Reforço na cooperação bilateral
A Nigéria é um parceiro estratégico do Brasil há 65 anos. Em junho, o vice-presidente Geraldo Alckmin comandou, em Abuja, o Mecanismo de Diálogo Estratégico. Já em março, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, visitou oficialmente a Nigéria.
Nessa nova fase de cooperação, vários acordos foram firmados nas áreas de defesa, agricultura, pecuária, segurança, audiovisual, comércio, investimentos, turismo e energia.
Durante a visita atual, cinco novos atos bilaterais foram assinados, incluindo um acordo de aviação civil para iniciar voos diretos entre São Paulo e Lagos, operados pela Air Peace, maior companhia aérea nigeriana.
Também foram firmados memorandos de entendimento para formação de diplomatas, consultas políticas bilaterais, cooperação entre bancos de desenvolvimento para promoção comercial e investimentos, e colaboração em ciência, tecnologia e inovação. Estas áreas envolvem biotecnologia, bioeconomia, ciência oceânica, inovação, energia, espaço e transformação digital.
Lula anunciou que Brasil designará um adido da Polícia Federal em Abuja para ajudar no combate ao crime organizado, terrorismo e tráfico internacional de drogas, destacando a necessidade de ações multilaterais coordenadas frente à crescente globalização do crime.
Após o encontro no Planalto, Lula ofereceu um almoço no Itamaraty para as autoridades e o presidente nigeriano participará de encontros com os presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal, além de encerrar o Fórum Empresarial Nigéria-Brasil ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin.

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