Mundo
Brasil expressa preocupação com nova regra tarifária aprovada pelo México
O governo brasileiro observa com atenção e preocupação a aprovação da reforma tarifária pelo Congresso do México, que prevê tarifas de até 50% para importações provenientes de países que não possuam acordo de livre-comércio com o México.
Em comunicado divulgado na sexta-feira (12), o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informaram que aguardam a publicação oficial do texto final da lei para analisar os possíveis impactos nas exportações do Brasil.
A medida aprovada na quinta-feira (11) estabelece tarifas entre 5% e 50% para cerca de 1,5 mil produtos de vários setores estratégicos, incluindo automóveis, autopeças, vestuário, plástico, siderurgia e eletrodomésticos. Além do Brasil, outras nações como China, Índia, Coreia do Sul, Rússia e África do Sul também serão afetadas. Espera-se que as novas tarifas entrem em vigor a partir de 1º de janeiro.
De acordo com o governo brasileiro, o setor automotivo pode ter pouca influência devido a um acordo setorial existente entre Brasil e México. Contudo, há preocupação com o aumento das tarifas em outros setores, o que pode prejudicar o comércio e os investimentos bilaterais, dependendo da definição final dos produtos afetados.
“O Brasil tem mantido contato com autoridades mexicanas para discutir os potenciais efeitos das alterações tarifárias”, afirma a nota conjunta.
O país destaca que sua relação com o México é baseada em diálogo aberto e entendimento estratégico, e defende que ações unilaterais com impacto comercial devem respeitar compromissos de previsibilidade, segurança jurídica e aprofundamento da integração produtiva.
O governo brasileiro reafirma seu compromisso com um diálogo construtivo para proteger o ambiente de cooperação e garantir condições positivas para o comércio e investimentos entre as duas nações.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que até 15% das exportações brasileiras ao México podem ser afetadas pela medida, reforçando a necessidade de intensificar o diálogo bilateral.
A aprovação teve caráter emergencial no Senado mexicano, com 76 votos favoráveis, 5 contrários e 35 abstenções. Parlamentares que não votaram criticaram a rapidez com que proposta foi aprovada, destacando riscos inflacionários. A presidente do México, Claudia Sheinbaum, apoia a medida e deve sancioná-la em breve.
Essa decisão ocorre em um momento delicado para o México, que deve revisar em 2026 seu acordo de livre comércio com os Estados Unidos e Canadá. O presidente norte-americano, Donald Trump, tem pressionado o México, alegando que o país é uma via para a entrada de produtos chineses nos Estados Unidos. O governo chinês criticou a iniciativa, afirmando que o protecionismo prejudica a economia mundial.
Embora o México insista que a lei se aplica apenas a países sem acordos comerciais abrangentes, o Brasil mantém acordos setoriais com o país norte-americano. Atualmente, o México representa 2,25% das exportações brasileiras, ocupando a sexta posição entre os principais mercados de janeiro a novembro de 2025, com exportações em torno de US$ 7 milhões nesse período.

Você precisa estar logado para postar um comentário Login