Economia
Brasil líder na mudança para energia limpa

O Brasil, onde metade da energia gerada vem de fontes renováveis, destaca-se como líder na transição para energias limpas, um processo que envolve substituir métodos tradicionais de produção energética por alternativas mais sustentáveis e de baixo carbono.
O mundo enfrenta o desafio de reduzir a dependência de combustíveis fósseis, que liberam dióxido de carbono (CO2) e causam vários danos ambientais, desde o aumento da temperatura global até fenômenos climáticos extremos.
Dentre as fontes renováveis mais presentes na matriz brasileira estão a biomassa da cana-de-açúcar (16,7%), energia hidráulica (11,6%) e lenha e carvão vegetal (8,5%). O licor negro, subproduto da indústria de papel e celulose, e outras fontes renováveis representam 8,1%; energia eólica, 2,9%; e solar, 2,2%. Esses dados são do Balanço Energético Nacional 2025, divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Em 2023, essa participação era de 49,1%, e em 2022, de 47,2%.
Política Nacional de Transição Energética (PNTE)
Desde 2023, o Brasil conta com a PNTE, diretiva estratégica para enfrentar os desafios climáticos por meio de uma matriz energética mais sustentável.
Rômulo Menezes, professor titular da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ressalta que o país possui uma matriz energética significativa em fontes renováveis, destacando-se globalmente, especialmente diante de economias que usam mais combustíveis fósseis, como América do Norte, Europa e Japão.
O Brasil, além de ser uma potência na produção de energias renováveis, será sede da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30) na cidade de Belém, Pará, em novembro deste ano.
Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro, destaca que o Brasil apresenta uma matriz elétrica com 93% de fontes renováveis e possui o código florestal mais rigoroso do mundo para controle do uso do solo.
Ele espera que os biocombustíveis ganhem destaque na COP30 por permitirem implementação imediata sem alterações na frota ou infraestrutura de distribuição, uma solução prática e eficiente.
A EPE projeta investimentos de R$ 600 bilhões entre 2024 e 2034 em transmissão e geração de energia.
Fontes Solar e Eólica
Estimadas sobretudo na região Nordeste, as fontes solar e eólica crescem fortemente devido a condições favoráveis e investimentos continuados.
A Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) informa que até julho de 2025 o Brasil conta com 35,165 GW de capacidade instalada em operação e teste, distribuídos em mais de 1.143 parques eólicos e cerca de 11.999 aerogeradores em 12 estados, com destaque para o Nordeste.
Elbia Gannoum, presidente-executiva da ABEEólica, destaca o avanço do setor eólico brasileiro na adoção de inovações tecnológicas e operacionais que aumentam a eficiência dos grandes empreendimentos.
Já a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) relata que em 2024 foram adicionados 14,3 GW à matriz solar, totalizando 52,2 GW de potência instalada acumulada.
Investimentos no setor cresceram 30% em relação a 2023, alcançando R$ 54,9 bilhões destinados a instalações variadas, desde residenciais até grandes usinas.
Rômulo Menezes destaca a grande expansão das energias solar e eólica na Região Nordeste, principal polo desse crescimento.
Hidrogênio Verde
Emergente como alternativa para reduzir emissões de CO2, o hidrogênio verde ganha destaque no Brasil como futuro grande produtor e exportador.
Segundo a consultoria McKinsey, todo o setor do hidrogênio verde pode movimentar até US$ 200 bilhões no país até 2040.
Projetos nessa área já receberam R$ 188,7 bilhões em investimentos anunciados, conforme estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com decisões de investimento esperadas para 2024 em seis projetos que somam R$ 77,3 bilhões.
Em Pernambuco, várias pesquisas estão em andamento no Complexo Industrial Portuário de Suape, coordenadas por instituições locais e financiadas pela Facepe, incluindo um laboratório do Senai dedicado à pesquisa em energias renováveis e hidrogênio verde.
Rômulo Menezes observa que o estado progride na produção e desenvolvimento tecnológico de hidrogênio verde, e o Brasil é visto como um grande produtor global em potencial.
Considerações Finais
Rômulo Menezes esclarece que embora os termos energia limpa e renovável sejam semelhantes, não são sinônimos: renováveis são aquelas que se regeneram naturalmente, enquanto energia limpa são as que produzem pouca ou nenhuma emissão de CO2.
Ele destaca que a busca por energia é essencial para a humanidade e que o importante é escolher fontes que causem o menor impacto ambiental e que sejam economicamente viáveis, um equilíbrio fundamental para o avanço energético mundial.

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