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Brasil lidera Mercosul buscando mais união regional

O Brasil assumiu a presidência do Mercosul para o segundo semestre deste ano, apresentando cinco prioridades principais: expansão do comércio, incentivo à transição energética, avanço tecnológico, combate ao crime organizado e redução das desigualdades sociais.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou essas prioridades em seu discurso na 66ª Cúpula do Mercosul, realizada em Buenos Aires, Argentina, onde recebeu a coordenação do bloco do presidente argentino Javier Milei. Participam do bloco os países Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, além da Bolívia que está em processo de adesão, e países associados.
A administração brasileira pretende fortalecer a Tarifa Externa Comum (TEC), incorporar setores automotivo e açucareiro ao regime comercial do Mercosul, e expandir os mecanismos de financiamento para infraestrutura e desenvolvimento regional.
Lula defendeu a modernização do sistema de pagamento em moedas locais para facilitar transações digitais e ressaltou que o Mercosul oferece uma proteção para os países da região em um cenário global instável. Segundo ele, o bloco construiu uma base sólida em mais de três décadas, proporcionando uma área de livre comércio na América do Sul.
Apesar da flexibilização aprovada na presidência argentina em relação a produtos que podem ficar fora da TEC, o presidente ressaltou a importância de manter a Tarifa Externa Comum para proteger o comércio interno do bloco.
Acordos comerciais
Uma das metas prioritárias para o Brasil à frente do Mercosul é o fortalecimento do comércio interno e externo do bloco. Lula mencionou a conclusão das negociações com a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta) e a continuidade das negociações com Canadá e Emirados Árabes Unidos, além de buscar novos parceiros como Panamá e República Dominicana.
Outra iniciativa importante é reforçar os laços com mercados asiáticos, incluindo Japão, China, Coreia, Índia, Vietnã e Indonésia, e desenvolver infraestrutura para facilitar o transporte de bens e serviços.
O Mercosul também planeja lançar uma nova edição do Fundo para a Convergência Estrutural (Focem), um fundo solidário que já viabilizou mais de US$ 1 bilhão em investimentos, principalmente em infraestrutura.
Lula destacou a importância de apoiar pequenas e médias empresas e pretende reativar o Fórum Empresarial do Mercosul para fortalecer a economia do bloco.
Agenda ambiental e mudança climática
A agenda verde será outra prioridade do Brasil na presidência do bloco, com foco na cooperação para um comércio sustentável. Lula chamou atenção para os impactos das mudanças climáticas na região do Cone Sul, que sofre com secas e enchentes, e afirmou que o Mercosul deve apoiar a realização da COP30 no Brasil.
O programa Mercosul Verde será lançando para promover a agricultura sustentável, sustentabilidade em padrões regionais, rastreabilidade e inovação tecnológica. Também foi destacado o potencial da região para reservas de minerais críticos, fundamentais para a transição energética.
Desenvolvimento tecnológico e soberania digital
Lula apontou a necessidade de enfrentar a concentração tecnológica global e investir na criação de inteligência artificial adaptada à cultura latino-americana, com parcerias como a firmada entre Brasil e Chile. Destacou ainda a importância da soberania digital ao impulsionar a instalação de centros de dados na região e proteger os dados pessoais.
O Brasil quer também transformar o Mercosul em um polo de tecnologias de saúde, para garantir acesso a vacinas e medicamentos.
Combate ao crime organizado
Na esfera da segurança, a presidência do Brasil pretende aumentar a cooperação regional contra o crime organizado. O presidente assumiu o compromisso de estudar a criação de uma agência de combate à criminalidade transnacional, e ressaltou a necessidade de ações coordenadas contra o tráfico de armas e drogas e o financiamento do crime.
Instituições como o Comando Tripartite da Tríplice Fronteira e o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia são exemplos de iniciativas que serão fortalecidas.
Direitos sociais e participação cidadã
Por fim, a presidência brasileira também vai priorizar a inclusão social e a redução das desigualdades, promovendo a participação da sociedade civil por meio do Instituto Social do Mercosul (ISM) e do Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos (IPPDH). A Cúpula Social do Mercosul será retomada, e será realizada uma Cúpula Sindical para fortalecer o diálogo democrático e a pluralidade.

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