Notícias Recentes
Brasil mostra caminho de democracia para os EUA, diz NYT
Um artigo publicado no jornal The New York Times (NYT) nesta sexta-feira (12) destaca que o Brasil teve êxito onde os Estados Unidos (EUA) falharam, ao comentar a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes.
Escrito por um dos autores do livro Como as Democracias Morrem, o professor de Harvard Steven Levitsky, e pelo professor Filipe Campante, o artigo afirma que a democracia brasileira deu um exemplo aos EUA ao responsabilizar um ex-presidente por tentar anular uma eleição.
“Apesar de todos os seus defeitos, a democracia brasileira atualmente está mais sólida do que a americana. Cientes do passado autoritário do país, as autoridades judiciais e políticas brasileiras não tomaram a democracia como garantida. Por outro lado, seus equivalentes americanos falharam nessa tarefa. Em vez de criticar os esforços do Brasil para proteger sua democracia, os americanos deveriam aprender com ela”, escreveram os especialistas.
Os professores americanos traçam um paralelo entre o julgamento de Bolsonaro e o caso de Donald Trump, que, ao perder as eleições de 2020, não aceitou o resultado e incitou apoiadores a invadir o Capitólio em 6 de janeiro de 2021, tentando impedir a confirmação do democrata Joe Biden.
“O Supremo Tribunal Federal brasileiro fez o que o Senado dos EUA e os tribunais federais falharam tragicamente em fazer: levar à justiça um ex-presidente que atacou a democracia”, destacou o NYT.
Filipe Campante e Steven Levitsky lamentam que as instituições dos EUA não tenham punido o ex-presidente Trump.
“Diferentemente dos Estados Unidos, as instituições brasileiras agiram firmemente e, até agora, de maneira eficaz para responsabilizar um ex-presidente por tentar anular uma eleição. É esta eficácia institucional que colocou o Brasil na mira do governo Trump”, comentaram.
Para os especialistas, as tarifas impostas por Trump ao Brasil e as sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, indicam uma mudança na política da Casa Branca na América Latina desde o fim da Guerra Fria.
“Num movimento que lembra algumas das intervenções mais autoritárias dos EUA durante a Guerra Fria, os Estados Unidos estão tentando minar uma das democracias mais importantes da América Latina”, avaliaram os colunistas do NYT.
Defendendo a democracia
Os autores também alertam que as democracias não se defendem sozinhas, lembrando dos regimes autoritários que surgiram na Europa entre as décadas de 1920 e 1930, como o fascismo na Itália e o nazismo na Alemanha.
“Como os liberais europeus aprenderam naquela época, a inação diante de tais ameaças pode ter consequências severas. Democracias precisam ser ativamente protegidas. Mesmo as salvaguardas constitucionais mais robustas são apenas palavras no papel, a menos que as lideranças as coloquem em prática”, argumentaram Campante e Levitsky.
Os especialistas destacam que várias provas da Polícia Federal mostram que Bolsonaro e aliados militares conspiraram para anular a eleição e impedir a posse de Lula.
“Depois dos eventos de 8 de janeiro de 2023 terem deixado claro que Bolsonaro representava um risco à democracia, o sistema judicial brasileiro agiu com rigor para responsabilizá-lo e impedir que ele retornasse ao poder”, frisaram.
Trump
O artigo do jornal nova-iorquino também critica o governo autoritário do novo mandato de Donald Trump e aponta as falhas institucionais dos EUA.
“O segundo governo de Trump tem demonstrado práticas abertamente autoritárias, usando agências governamentais para punir críticos, ameaçar adversários e intimidar setores privados, a mídia, escritórios de advocacia, universidades e grupos da sociedade civil. Ele frequentemente ignora a lei e desafia a Constituição. Menos de nove meses após o início de sua segunda presidência, os EUA provavelmente já ultrapassaram o limite para um autoritarismo competitivo”, declararam os especialistas.

Você precisa estar logado para postar um comentário Login