Brasil rejeita imposições e busca negociação com EUA, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil está disposto a negociar com os Estados Unidos, mas não aceitará imposições, como a taxa de 50% imposta pelo presidente norte-americano Donald Trump aos produtos brasileiros.

Em entrevista à jornalista Christiane Amanpour, transmitida pela CNN Internacional, Lula destacou que o Brasil busca diálogo e respeito nas relações bilaterais, rejeitando qualquer forma de pressão unilateral.

Ele criticou a interferência dos EUA em assuntos internos do Brasil, referindo-se à carta pública de Trump defendendo o ex-presidente Jair Bolsonaro no contexto do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal. Lula ressaltou a independência do Judiciário brasileiro e enfatizou que decisões judiciais são tomadas pela Corte Suprema, não por ele.

Lula declarou que o Brasil já encaminhou propostas para negociar com os EUA e lamentou que, em vez de respostas diplomáticas, tenham prevalecido declarações feitas fora do protocolo adequado.

O presidente brasileiro afirmou que, se necessário, tomará medidas comerciais retaliatórias mediante a Lei de Reciprocidade, que autoriza o Brasil a aplicar tarifas contra países que imponham barreiras comerciais unilaterais.

Apesar das divergências políticas entre ele, representante de uma corrente progressista, e Trump, um conservador, Lula afirmou que ambos ocupam o cargo de presidentes de suas nações, que devem ser respeitados independentemente das ideologias.

Lula também comentou sobre os conflitos na Ucrânia e em Gaza, avaliando positivamente a disposição de Trump em negociar o fim dessas crises. Contudo, expressou decepção com o aumento dos gastos militares dos EUA ao invés de investimentos em segurança alimentar e recursos básicos.

Ele reiterou críticas à incapacidade da Organização das Nações Unidas e do Conselho de Segurança em resolver conflitos globais, ressaltando que a ausência de interlocutores eficazes perpetua a violência e o sofrimento em regiões como Gaza.