Economia
Brasil tem 391 grupos indígenas e 295 línguas faladas em 2022, revela IBGE
O Brasil conta com 391 diferentes grupos indígenas, conforme dados do Censo Demográfico 2022: Etnias e línguas indígenas/Principais características sociodemográficas, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2022, a população indígena totalizava 1.694.836 pessoas, das quais 74,51% declararam sua etnia. Os grupos indígenas mais numerosos são os Tikúna (74.061), Kokama (64.327) e Makuxí (53.446). No último censo de 2010, o IBGE havia registrado 896.917 indígenas distribuídos em 305 etnias distintas.
Foram identificadas 295 línguas indígenas faladas no país, com 474.856 pessoas com dois anos ou mais identificadas como falantes. As línguas com maior número de falantes são: Tikúna (51.978), Guarani Kaiowá (38.658) e Guajajara (29.212).
O IBGE destacou que captou línguas faladas por grupos muito pequenos, inclusive por uma única pessoa. Em 2010, o levantamento apontou 274 línguas indígenas entre pessoas acima de cinco anos.
Marta Antunes, gerente de Povos e Comunidades Tradicionais e Grupos Populacionais Específicos do IBGE, ressaltou: “O Brasil, em comparação com outros países da América Latina, possui essa diversidade étnica e linguística impressionante. Observamos um crescimento significativo de quase 90% da população indígena entre 2010 e 2022, o que gera muita curiosidade sobre quem são esses indígenas.”
Em Terras Indígenas, foram registrados 335 grupos indígenas em 2022, contra 250 em 2010. Fora dessas terras, foram contabilizados 373, ante 300 no censo anterior.
O IBGE atribui essas mudanças a movimentos migratórios, urbanização e ao fortalecimento da identidade étnica, quando grupos indígenas passam a se reconhecer e valorizar sua pertencença cultural.
Marta Antunes explicou: “São pessoas que antes se declaravam indígenas sem especificar a etnia, mas que hoje valorizam esse reconhecimento em função de processos sociais e organizativos, além do próprio impacto do Censo. Depois de anos de ocultação para lidar com o racismo, especialmente nas cidades, há condições mais favoráveis para que esse pertencimento seja declarado.”
Novas etnias também surgiram a partir da fragmentação de subgrupos e da migração recente, como a de indígenas venezuelanos.
Em 2022, 73,08% dos indígenas declararam pelo menos uma etnia, e 1,43% informaram pertencer a duas etnias, refletindo duplo reconhecimento étnico. Marta acrescentou: “Alguns acionam a etnia materna e paterna. O IBGE não pediu para identificar qual é a principal. Essa diversidade é uma riqueza captada pelo Censo.”
São Paulo liderou as unidades federativas com maior número de grupos indígenas identificados, com 271 etnias. Em seguida vêm Amazonas (259) e Bahia (233).
Os municípios com mais grupos indígenas são São Paulo/SP (194), Manaus/AM (186), Rio de Janeiro/RJ (176) e Salvador/BA (142). A capital Brasília/DF contou com 167 etnias. Fora das capitais, Campinas (SP) registrou 96, Santarém (PA) 87 e Iranduba (AM) 77 etnias.

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