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Economia

Brasileiro com graduação ganha mais que o dobro de quem só fez ensino médio, diz relatório da OCDE

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O indivíduo brasileiro que conclui uma graduação obtém, em média, uma remuneração superior a 148% em comparação com aqueles que possuem apenas o ensino médio. Já nos países que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), essa diferença salarial é de 54%, segundo dados do relatório Education at a Glance divulgado recentemente.

Além do aspecto financeiro, a educação proporciona maiores oportunidades de emprego. Conforme o mesmo relatório, entre jovens adultos de 25 a 34 anos, a taxa de desemprego é de 10% para quem não completou o ensino médio, 8% para aqueles que concluíram esta etapa e cai para 5% entre graduados. No contexto da OCDE, essas taxas correspondem a 13%, 7% e 5%, respectivamente.

Especialistas e gestores da área educacional observam um cenário de descrença dos jovens brasileiros na educação formal. Pesquisas indicam um aumento no absenteísmo crônico — alunos que faltam 10% ou mais das aulas durante o ano letivo — e denunciam que o mercado de trabalho está atraindo até adolescentes que não precisam complementar a renda familiar.

Preferências por áreas de estudo

O relatório destaca que, nos países da OCDE, os cursos mais procurados pelos estudantes de graduação são de dois grupos principais: ciências exatas e tecnológicas (STEM) e ciências sociais aplicadas, como negócios, administração e direito, cada um representando 23% dos estudantes. Um outro grupo expressivo é o de artes, humanidades, ciências sociais, jornalismo e informação, que reúne 22% dos alunos.

No Brasil, porém, há uma distribuição desigual: 34% dos estudantes estão matriculados em negócios, administração e direito, com administração e direito sendo os cursos mais populares; 16% se dedicam a áreas STEM, e apenas 8% escolhem artes, humanidades e ciências sociais.

Desafios no ensino superior

A evasão no ensino superior brasileiro é mais alta do que a média dos países da OCDE. Apenas 49% dos estudantes brasileiros completam seus cursos três anos após o prazo previsto, contra 70% no conjunto da organização. Essa realidade contribui para que apenas 24% dos jovens brasileiros de 25 a 34 anos concluam o ensino superior, em oposição a 49% na média da OCDE.

As taxas de conclusão variam conforme a área de estudo. Enquanto na OCDE, em média, somente 58% dos alunos de bacharelado em STEM finalizam o curso no prazo esperado, o percentual sobe para 74% em áreas de saúde e bem-estar. No Brasil, os números são menores: 38% para STEM e 46% para saúde e bem-estar.

Investimento e perspectivas

Segundo o Education at a Glance, o investimento médio por aluno no Brasil, desde o ensino fundamental até a graduação, é de US$ 3,7 mil, aproximadamente um terço da média dos países da OCDE. Comparativamente, o valor está abaixo do que é investido em países latino-americanos como Argentina, Chile e Costa Rica, mas acima do México e Peru. Entretanto, o Brasil destina 4,3% do PIB para a educação, um percentual superior ao de 3,6% da OCDE.

Projeta-se que a população de crianças de 0 a 4 anos diminuirá em 9% até 2033, o que pode resultar em aumento do investimento por aluno nos próximos anos, aproximando-se dos níveis dos países da OCDE.

A OCDE é composta principalmente por países desenvolvidos e tem como missão fomentar o progresso econômico e o comércio global por meio do estudo e desenvolvimento de políticas públicas em áreas como economia, comércio, meio ambiente, ciência, tecnologia e educação. O intercâmbio de informações entre as nações é uma das principais vantagens de participar dessa organização, da qual o Brasil participa como país convidado, juntamente com outras nações da América Latina.

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