Mundo
Brasileiros eram enviados como “escravos” para igreja dos EUA
Além de trabalharem sem salários, brasileiros tinham dinheiro e visto confiscados. As vítimas relatam agressões físicas e psicológicas
Violência
“Eles espancaram os brasileiros?” perguntou Jill Rose, procuradora dos EUA. “Não há dúvidas”, respondeu um dos congregantes antigos. Os ministros “na maioria das vezes traziam eles para cá para trabalho gratuito”, disse outro brasileiro.
Embora Rose prometesse investigação, os membros antigos disseram que ela nunca respondeu quando eles tentavam contato com ela nos meses que antecediam a reunião. A promotora se recusou a comentar, alegando uma investigação em andamento.
Oliveira abandonou a igreja no ano passado, ele é um dos 16 membros antigos brasileiros que contaram como foram forçados a trabalhar, frequentemente sem remuneração, e foram agredidos física ou verbalmente. A APtambém analisou uma série de relatórios policiais e queixas formais apresentadas no Brasil sobre as condições adversas da igreja.
“Eles nos mantinham como escravos”, disse Oliveira, pausando às vezes para secar as lágrimas. “Nós éramos descartáveis. Não significávamos nada para eles. Nada. Como podem fazer aquilo com pessoas – declarar seu amor a elas e depois bater nelas em nome de Deus?”
Os brasileiros frequentemente falavam pouco inglês quando chegaram e muitos tiveram seus passaportes apreendidos. Muitos homens trabalharam no setor de construção; muitas mulheres trabalharam como babás e na escola da igreja, contaram os membros antigos. Uma ex-congregante do Brasil disse que ela tinha apenas 12 anos quando teve de trabalhar pela primeira vez.
“Eu sofri muito”
Chamada de “rebelde” porque respondia aos pastores quando criança, Elizabeth Oliveira contou que frequentemente era mantida em isolamento durante dias, em várias casas de ministros em São Joaquim de Bicas, em Minas Gerais.
Ser enviada para os EUA era a maneira de “corrigir” o mau comportamento dela. Ela disse que tinha 12 anos quando foi enviada pela primeira vez para Spindale e imediatamente foi colocada para trabalhar. Ela ajudava na escola durante o dia, depois costurava roupas e era babá à noite, algumas vezes até bem depois da meia-noite, disse Elizabeth. Ela disse que nunca recebeu remuneração.
Agora aos 21 anos e estudando medicina em Belo Horizonte, Elizabeth disse que rompeu com a igreja após sua oitava viagem à Spindale. “Eu sofri muito lá”, ela disse, “Quando fiz 18 anos, saí e me disseram de novo que eu morreria sozinha no mundo e iria para o inferno.”
A igreja
Sob a liderança de Jane Whaley, a Word of Faith Fellowship cresceu de poucos seguidores para cerca de 750 congregantes na Carolina do Norte e um total de quase 2000 membros nas suas igrejas no Brasil e em Gana e suas afiliações na Suécia, Escócia e outros países.
Os membros de todo o mundo visitam a propriedade de Spindale, mas o Brasil é a maior fonte de trabalho estrangeiro, e Jane e seus principais delegados visitam os postos avançados brasileiros várias vezes ao ano.
Durante duas décadas, a Word of Faith Fellowship absorveu duas igrejas no Brasil, Ministério Verbo Vivo na cidade São Joaquim de Bicas (MG) e Ministério Evangélico Comunidade Rhema em Franco da Rocha (SP). Durante suas visitas frequentes, a líder americana contava aos membros brasileiros do seu rebanho que eles poderiam melhorar suas vidas e suas relações com Deus com uma peregrinação à igreja sede, de acordo com vários dos entrevistados. A marca de adoração dos brasileiros era inferior, como ela frequentemente diria.
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