Economia
BRB e Master: Operação suspeita sob análise da PF
A investigação da Polícia Federal que resultou na prisão de Daniel Vorcaro, proprietário do Master, e outros executivos do banco, além do afastamento do presidente do BRB, revelou indícios de uma transação financeira de R$ 12,2 bilhões realizada por motivos de “pura camaradagem” e como uma tentativa de evitar a fiscalização do Banco Central.
O Master preferiu não comentar o assunto. Já o BRB declarou que sempre agiu seguindo as normas de compliance e transparência, fornecendo regularmente informações ao Ministério Público Federal e ao Banco Central do Brasil sobre todas as operações envolvendo o Banco Master.
Segundo o Ministério Público Federal, o Master teria comprado carteiras de crédito de uma empresa dirigida por um ex-funcionário sem efetuar qualquer pagamento e, rapidamente, revendeu esses ativos ao BRB, um banco público de Brasília, recebendo o pagamento imediato. Essa operação teria transferido R$ 12,2 bilhões entre janeiro e maio de 2025. A investigação aponta que, entre julho de 2024 e outubro de 2025, BRB e Master participaram de transações que totalizaram R$ 16,7 bilhões, mesmo com ressalvas do Banco Central.
Ao justificar a operação ao Banco Central, o Master indicou em março de 2025 que a carteira de crédito era originária de duas associações de servidores da Bahia, entidades supostamente criadas por um diretor do banco privado. Contudo, auditoria do Banco Central identificou que as cessões de crédito passaram a envolver CPFs de várias localidades do país, e as movimentações financeiras não condiziam com as organizações mencionadas.
Devido a essas suspeitas, o Banco Central realizou uma análise detalhada de uma amostra de 30 clientes supostamente tomadores de crédito das operações cedidas pelo Master ao BRB em janeiro de 2025. A instituição não conseguiu estabelecer qualquer correspondência entre as transações e o fluxo financeiro, reforçando os indícios de inconsistência.
Posteriormente, o BRB forneceu ao Banco Central informações sobre 100 contratos de crédito adquiridos do Master. A análise reforçou indícios de inconsistência, sinalizando a possível existência de engenharia contábil e financeira para facilitar a captação de recursos.
Após questionamentos, a titularidade das operações foi atribuída à empresa Tirreno, criada no final de 2024 por um empresário responsável por outras firmas similares. A Tirreno aumentou seu capital para R$ 30 milhões e passou a ser dirigida por um ex-funcionário do Master. As alterações societárias foram registradas na Junta Comercial de São Paulo em abril de 2025, após o início da operação com o BRB.
O Ministério Público Federal ressaltou que o contrato inicial de parceria entre Master e Tirreno e um dos instrumentos de cessão de crédito não estavam autenticados em cartório, e os demais documentos foram formalizados somente meses após a transação.
Os investigadores destacam que é incomum e inadmissível que só após questionamento do Banco Central, o BRB tenha exigido documentos adicionais para uma operação desse porte, o que levanta dúvidas sobre os cuidados adotados nessa transação de R$ 12,2 bilhões.
O BRB reafirma seu compromisso com a ética, responsabilidade e integridade na condução de suas ações.

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