brb reduz compra do banco master para r$ 24 bi e criará grupo com r$ 100 bi em ativos

O BRB anunciou nesta sexta-feira a redução da operação para adquirir o Banco Master a R$ 24 bilhões, formando assim um grupo financeiro com cerca de R$ 100 bilhões em ativos totais. Essa informação foi divulgada por meio de comunicado oficial.

Além disso, o banco público garantiu que os atuais proprietários do Master não terão influência política nem participarão da gestão do novo grupo controlador. A permanência de Daniel Vorcaro, proprietário do Master, causava preocupação no mercado financeiro e junto ao Banco Central, que está avaliando a viabilidade da operação, pois isso poderia ser visto como uma recompensa à gestão controversa do executivo.

Na operação, o BRB comprará 58,04% do capital social total do Banco Master, incluindo 49,0% das ações ordinárias e 100% das ações preferenciais. O valor pago corresponderá a 75% do patrimônio líquido consolidado, ajustado pela baixa de ativos.

A redução do tamanho do negócio ocorreu após auditorias internas feitas pelo BRB, que identificaram cerca de R$ 51,2 bilhões em ativos e passivos que serão excluídos da aquisição. Inicialmente, este valor era próximo a R$ 25 bilhões.

O detalhamento dos ativos que ficarão fora da operação inclui precatórios no valor de R$ 9,43 bilhões, R$ 7,59 bilhões em operações de crédito concentradas ou sem garantias, fundos de investimento em direitos creditórios e ações somando R$ 19,48 bilhões, certificados de recebíveis imobiliários de R$ 2,47 bilhões, além de outros créditos no montante de R$ 12,28 bilhões, incluindo recebíveis judiciais e ativos cuja avaliação não foi possível.

Quanto ao passivo, foram removidos depósitos interfinanceiros entre empresas do conglomerado Master e aproximadamente R$ 33 bilhões em Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) que possuem custo de captação elevado, próximo a 120% do CDI.

A auditoria também indicou ajustes de R$ 601,9 milhões no patrimônio líquido, relacionados a exposições tributárias, trabalhistas e valores a receber, que serão liquidados antes do fechamento da compra. Os acionistas do Banco Master ainda aumentaram provisões para cobertura de crédito em cerca de R$ 2 bilhões, melhorando a proteção sobre a carteira de crédito.

O plano estratégico prevê que a aquisição do Banco Master gerará um incremento aproximado de R$ 1,5 bilhão no resultado do BRB nos próximos cinco anos, com expectativa de lucro superior a R$ 2,7 bilhões em 2029.

As projeções financeiras indicam lucro líquido de R$ 1,254 bilhão para este ano, R$ 1,251 bilhão em 2026, R$ 2,375 bilhões em 2027, R$ 2,639 bilhões em 2028 e R$ 2,704 bilhões em 2029.

Para que a operação seja concluída, ainda precisa ser aprovada pelo Banco Central, passar pela reorganização societária do Banco Master e ter confirmação dos valores por auditoria independente no momento do fechamento.

Recentemente, a Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou a aquisição de instituições financeiras pelo BRB, uma exigência judicial para finalizar a transação.

Contexto

Essa operação está cercada de controvérsias, já que o Banco Master adotava uma prática de captar recursos por meio de CDBs com taxas de retorno significativamente altas no mercado, amparadas pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Por outro lado, parte dos ativos que garantem esses compromissos são ilíquidos, como precatórios e participações em empresas em dificuldades financeiras.

Nesse cenário, caso o Banco Master enfrente dificuldades, o FGC, que é constituído pelas contribuições das instituições financeiras associadas, terá que cobrir compensações significativas para investidores pessoas físicas com aplicações de até R$ 250 mil.