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Brics rejeita protecionismo de Trump

Os líderes do Brics manifestaram repúdio ao protecionismo durante uma reunião virtual realizada nesta segunda-feira (8), em resposta às medidas comerciais agressivas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que aplicou tarifas punitivas a produtos de vários países do grupo.
Convocada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto o Brasil ocupa a presidência das economias emergentes neste ano, a videoconferência teve como objetivo mostrar a união do bloco diante das políticas dos Estados Unidos.
O presidente chinês, Xi Jinping, enfatizou a necessidade de o bloqueio se opor a qualquer tipo de protecionismo.
“É fundamental defender o sistema multilateral de comércio, com a Organização Mundial do Comércio atuando como pilar principal, e resistir a qualquer forma de protecionismo”, declarou Xi a Lula e aos colegas Vladimir Putin da Rússia, Cyril Ramaphosa da África do Sul, entre outros.
A China é a potência dominante dentro do Brics, composto por onze países que juntos representam quase metade da população mundial e 40% do PIB global.
Pequim mantém delicadas negociações com os Estados Unidos após uma intensa guerra comercial entre as duas potências, causada pela imposição mútua de tarifas elevadas.
“Chantagem tarifária”
Lula, que apelidou Trump de “imperador” devido à sua política tarifária, afirmou que os países do Brics são vítimas de práticas comerciais injustas e ilegais.
“A chantagem através de tarifas está sendo normalizada como um instrumento para conquistar mercados e interferir em assuntos internos dos países”, afirmou o presidente brasileiro.
Trump aplicou tarifas punitivas a produtos do Brasil, justificando que existe uma “caça às bruxas” contra seu aliado Jair Bolsonaro (PL), investigado por uma suposta trama golpista.
O Supremo Tribunal Federal decidirá nesta semana se o ex-presidente tentou dar um golpe de Estado após perder as eleições de 2022 para Lula.
Trump contra o Brics
Simultaneamente, Washington impôs severas sanções tarifárias à Índia devido à compra de petróleo da Rússia. Produtos desses países terão tarifas alfandegárias de 50% para entrar nos Estados Unidos.
“Elevar barreiras e dificultar transações não trará benefícios, assim como não é adequado associar medidas comerciais a questões não comerciais”, afirmou na videoconferência o chanceler indiano, Subrahmanyam Jaishankar.
O líder sul-africano Cyril Ramaphosa criticou o aumento do protecionismo, resultado de medidas tarifárias unilaterais, que geram sérios desafios e perigos para os países do Sul Global.
Trump já havia se posicionado contra o Brics em julho, durante uma cúpula no Rio de Janeiro, ameaçando impor novas tarifas a qualquer país que se associasse ao bloco.
Na reunião desta segunda-feira, os líderes do grupo também coordenaram a participação em eventos internacionais em 2025, incluindo a Assembleia Geral da ONU, a conferência climática COP30 em Belém (Pará) e a cúpula do G20 na África do Sul. Trump já anunciou que não participará da última.
A lista de novos integrantes do Brics foi ampliada para incluir Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã, reforçando o grupo fundado em 2009 para fortalecer o Sul Global.
Fator de tensão
Lula também abordou a escalada de tensões entre os Estados Unidos e a Venezuela em seu discurso.
A Marinha dos EUA posicionou várias embarcações no Mar do Caribe para combater o narcotráfico, após acusações contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de liderar um cartel de drogas, oferecendo uma recompensa de 50 milhões de dólares (271 milhões de reais) pela sua captura.
Logo depois, Trump afirmou ter destruído uma embarcação associada ao grupo criminoso venezuelano Tren de Aragua, transportando drogas da Venezuela, que resultou na morte de “11 terroristas”.
“A presença das forças armadas da maior potência mundial no Mar do Caribe gera uma situação de tensão que não combina com a natureza pacífica da região”, ressaltou Lula nesta segunda-feira.
Maduro denunciou essa presença militar como a maior ameaça enfrentada pelo continente nos últimos cem anos.

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