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Bukele, o ‘ditador cool’ que pode permanecer por muito tempo em El Salvador

Nayib Bukele, presidente de El Salvador, não se incomoda em ser rotulado como “ditador”. Com grande popularidade devido à sua política rigorosa contra gangues e um controle quase total no país, ele agora possui liberdade para buscar reeleição indefinidamente.
A autorização para reeleição sem limites foi concedida por ampla maioria no Congresso, refletindo tanto apoio quanto preocupações de críticos sobre um possível regime autocrático.
Conhecido por sua amizade com o ex-presidente americano Donald Trump, Bukele, de 44 anos, que está no cargo desde 2019 e foi reeleito em 2024 com 85% dos votos, tem apresentado uma imagem menos descontraída recentemente.
Ele manteve presos por meses 252 venezuelanos deportados pelos EUA, que relataram ter sofrido maus-tratos na penitenciária de gangues.
Além disso, nas últimas semanas, seu governo deteve ativistas de direitos humanos e advogados que o criticavam.
Durante um discurso comemorativo de seu segundo mandato, afirmou: “Não me importo de ser chamado de ditador”.
Muitos ativistas e jornalistas deixaram o país recentemente, enquanto Bukele defende que sua administração marcou o começo de uma nova fase para El Salvador.
Em 2022, instituiu um regime de exceção que resultou na prisão de cerca de 88.000 pessoas, enquanto a taxa de homicídios caiu drasticamente.
No entanto, organizações de direitos humanos denunciam prisões arbitrárias, torturas e mortes em custódia.
O culto ao líder
Apesar das controvérsias, Bukele é uma figura admirada em outras partes da América Latina por sua postura firme contra o crime.
Antes mesmo de sua eleição, ele cultivava uma imagem forte nas redes sociais, comunicando-se muitas vezes em inglês e usando a rede X para anunciar medidas, autodenominando-se “ditador cool” e “rei filósofo” enquanto zomba dos críticos.
Popularizou o lema “o dinheiro é suficiente quando ninguém rouba”, mas enfrenta críticas por falta de transparência e acusações de corrupção.
Segundo especialistas, sua imagem forte é sustentada por uma estratégica presença na mídia digital.
Trajetória de Bukele
Nayib Bukele nasceu em 24 de julho de 1981, em San Salvador, filho do químico e membro da comunidade palestina Armando Bukele (falecido em 2015) e de Olga Ortez.
Estudou direito, mas não concluiu o curso, preferindo trabalhar na agência de publicidade de seu pai, que atendia a Frente Farabundo Martí (FMLN), grupo de esquerda.
Também gerenciou uma casa noturna em San Salvador antes de ingressar na política em 2012. Pelo FMLN, foi prefeito de Nuevo Cuscatlán e da capital entre 2015 e 2018, até ser expulso do partido após um conflito.
Ao chegar ao poder, não se declarou alinhado a nenhuma corrente política específica, mas depois adotou uma postura conservadora, demonstrando lealdade a Donald Trump.
Conquistou o poder em 2019 ao se conectar com jovens e pessoas desiludidas com os partidos tradicionais que governavam desde o fim da guerra civil (1980-1992).

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