Economia
Cade investiga venda de minas brasileiras da Anglo para estatal chinesa

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) iniciou um processo para analisar a venda das operações da empresa britânica Anglo American no Brasil para a MMG Limited, uma companhia australiana controlada pela estatal chinesa China Minmetals Corporation.
O valor da venda pode chegar a US$ 500 milhões (R$ 2,7 bilhões), conforme informado pela Anglo American quando anunciou a transferência total de suas operações para a MMG Singapore Resources Pte. Ltd, uma subsidiária da MMG Limited.
Este procedimento, realizado de forma sigilosa pelo órgão regulador de concorrência, busca investigar operações que envolvem concentração de mercado, como fusões e aquisições, que embora não exijam notificação obrigatória, são avaliadas pelo Cade por apresentarem possíveis riscos à competição no mercado.
A operação suscitou preocupações do Instituto Americano de Ferro e Aço (AISI), que solicitou a intervenção dos governos dos Estados Unidos e do Brasil para acompanhar o processo aberto pelo Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) contra práticas comerciais brasileiras consideradas injustas, em meio às tarifas aplicadas pelo governo Trump sobre produtos brasileiros.
O AISI alertou para o perigo da concentração do controle do níquel pela China caso a venda da Anglo American seja finalizada. A instituição afirma que, se a aquisição dos ativos de níquel for concretizada, a China passaria a controlar uma grande parte das reservas brasileiras desse minério, além de sua posição dominante na produção da Indonésia, agravando a fragilidade da cadeia de fornecimento desse recurso essencial.
Os minerais críticos são aqueles indispensáveis para setores estratégicos como tecnologia, defesa e energia renovável. Entre eles estão níquel, lítio, cobalto e terras raras, que são fundamentais para a fabricação de baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e semicondutores.
Os Estados Unidos expressaram preocupação com o abastecimento desses minerais para suas indústrias domésticas, especialmente no contexto atual de tensões comerciais e restrições impostas pela China à exportação de terras raras e outros minerais essenciais. Eles indicaram que a negociação envolvendo o Brasil pode impactar essa cadeia de fornecimento crítica.

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