Câmara aprova moção de louvor a Trump antes do tarifaço

A Comissão de Relações Exteriores da Câmara autorizou uma moção de homenagem ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, poucas horas antes do anúncio de uma taxação de 50% sobre produtos brasileiros.

A moção foi debatida em sessão realizada na manhã de ontem. A comissão é presidida pelo deputado Filipe Barros (PL-PR), embora tenha sido alvo de disputa pelo comando no início do ano entre Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o próprio Filipe Barros, antes do deputado licenciado se mudar para os Estados Unidos.

A homenagem foi proposta pelo líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL), que justificou a iniciativa com base no “notável trabalho desempenhado por ele enquanto líder da maior nação do mundo e seu empenho constante na defesa da democracia e da liberdade de expressão globalmente”. No documento, o parlamentar destacou realizações dos primeiros cem dias da gestão Trump, incluindo “controle da inflação”, “preservação dos valores familiares” e “o perdão aos envolvidos no episódio do Capitólio em 6 de janeiro de 2021”.

O pedido foi apresentado na última segunda-feira, após Trump comentar que acompanha o que chamou de “perseguição” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e afirmar que o veredito final sobre o político deveria ser decidido nas urnas. A moção foi aprovada por 23 votos a favor dentre 28 deputados presentes, contando com maioria do PL (7), seguida de União Brasil (5), PP (3), PSD (3) e MDB (1).

No começo do ano, o controle da comissão foi visto como estratégico para a direita, visto que ela cuida das relações diplomáticas e consulares da Câmara com governos e organizações estrangeiras, além de ser peça chave no diálogo com os EUA. Conforme noticiado pelo GLOBO, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), chegou a considerar indicar Eduardo Bolsonaro para presidir a comissão, mas o deputado afastou-se do mandato e mudou-se para os Estados Unidos.

Atualmente, Eduardo Bolsonaro atua externamente buscando sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e apoia a postura de Trump diante da imposição de tarifas sobre produtos brasileiros.