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castro destaca aliados e flávio, mas não menciona bacellar

O governador Cláudio Castro (PL) entregou, nesta sexta-feira, 16 viaturas semiblindadas para a Polícia Militar do Rio de Janeiro em uma cerimônia realizada no Quartel-General da corporação, localizado no Centro da capital.
O evento contou com discursos políticos e manifestações de apoio entre o governador e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), responsável por uma emenda parlamentar que ajudou na aquisição dos veículos.
Esta cerimônia ocorre em um momento de afastamento político entre Castro e o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União), que não foi mencionado durante os discursos e nem participou do evento.
Durante a semana, Castro comunicou ao jornal O Globo sua decisão de seguir a orientação do partido, em consenso com Flávio Bolsonaro, de não apoiar candidatos externos à legenda para a sucessão.
Ao longo do evento, Castro evitou citar Bacellar e preferiu expressar elogios à base aliada no Legislativo, bem como aos vereadores da Câmara do Rio.
O distanciamento entre os dois políticos começou há cerca de dois meses, quando Bacellar, exercendo o cargo de governador interino, exonerou Washington Reis da Secretaria de Transportes do estado. Essa ação contrariou Castro, que recuou da ideia de apoiar Bacellar como seu candidato ao governo em 2026.
Desde então, a relação esfriou, e Castro está buscando apoios para disputar uma vaga no Senado.
O único momento em que Castro mencionou Bacellar foi em resposta a jornalistas sobre o andamento das leis propostas em um pacote de Segurança Pública e Finanças, enviado recentemente à Alerj.
Bacellar optou por não acelerar a tramitação desses projetos, o que pode atrasar a votação em cerca de 50 dias, conforme o Regimento Interno da Assembleia.
Apesar dessa tensão entre os dois gabinetes, Castro tentou minimizar a situação:
“Tanto eu quanto o presidente Bacellar somos pessoas maduras e republicanas. Qualquer um vai saber colocar o Estado do Rio acima de tudo”, declarou Castro em entrevista coletiva.
Durante a solenidade, Castro agradeceu publicamente a generosidade do senador Flávio Bolsonaro e valorizou a parceria com o clã Bolsonaro, fazendo menções diretas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que se encontra em prisão domiciliar por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Meu irmão e amigo de toda a vida. Flávio, dá um grande abraço no seu pai. Só desistiremos quando ele estiver andando pelas ruas de novo”, afirmou Castro, num recado político que foi bem recebido pelos presentes.
A família Bolsonaro é aliada da família Reis e demonstra descontentamento com a possível candidatura de Bacellar ao governo em 2026.
Além disso, o governador ressaltou a presença de aliados ao seu lado no evento, como o deputado federal Gutenberg Reis (MDB-RJ), irmão do ex-secretário de transporte Washington Reis e líder do MDB.
A cerimônia também contou com a presença do secretário de Segurança Pública, Victor Santos, do comandante-geral da PM, coronel Marcelo de Menezes, e dos deputados estaduais Márcio Gualberto (PL), presidente da Comissão de Segurança da Alerj, Douglas Gomes (PL) e Pedro Brazão (União).
No discurso oficial da PM, o senador Flávio Bolsonaro foi destacado como “o parlamentar que mais colaborou com a Polícia Militar do Rio” e Castro como o governador que “mais fortaleceu a corporação na história recente do Estado”.
Rompimento Político
Apesar do governador afirmar que não há ruptura política com o presidente da Alerj, a crise entre os governos de Palácio Laranjeiras e Tiradentes é latente.
Até pouco tempo, Castro buscava apoio de Bacellar, que participava das agendas de segurança, como na entrega de viaturas em julho. Este foi o último encontro público dos dois.
O deputado discursou à tropa e foi reconhecido por Castro como responsável por ajudar a chamar excedentes do concurso de oficiais da PM, com o intuito de associar a imagem de Bacellar ao programa Segurança Presente, que será ampliado pelo estado do Rio.
A segurança pública, tema central da eleição municipal no ano anterior, continuará sendo foco no próximo pleito para o governo em 2026, com dois pré-candidatos disputando protagonismo nas ações contra a violência: o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), com o projeto de armar a Guarda Municipal, e o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União Brasil), vinculado ao programa Segurança Presente.
O evento desta sexta-feira, embora se apresentasse como reforço operacional para a PM, teve forte caráter político, ocorrendo durante a tramitação do pacote de segurança e ajuste fiscal no Legislativo estadual.
As novas viaturas foram destinadas às unidades do 4º BPM (São Cristóvão), 21º BPM (São João de Meriti), 27º BPM (Santa Cruz), 39º BPM (Belford Roxo) e ao Grupamento de Policiamento Ferroviário (GPFer).
Até agora, em 2025, a polícia realizou mais de 21 mil prisões, apreendeu mais de 4 mil adolescentes envolvidos em atos infracionais e retirou de circulação mais de 3 mil armas, incluindo 425 fuzis.
“Infelizmente, muitos criminosos presos com armas de guerra conseguem liberdade rápida, retornando ao crime e ameaçando a população. Esse ciclo é alimentado por uma legislação penal defasada, que causa sensação de impunidade e incentiva a reincidência. Espero que juntos possamos mudar essa situação com leis mais duras para proteger a sociedade”, afirmou o governador.
Pacote Econômico e Segurança
Ao ser questionado sobre o pacote de medidas econômicas e de segurança enviado à Alerj, Castro afirmou que os projetos, já na mesa diretora, foram discutidos previamente com os parlamentares e possuem caráter financeiro, visando enfrentar um déficit de R$ 12 bilhões.
Dentre as propostas, destaca-se a reorganização de cargos na Polícia Militar e a implantação de serviço por hora certa para militares da reserva.
“Devemos contar com quase 3 mil militares da reserva aptos a retornar e apoiar as ações de segurança em funções específicas. Esta iniciativa foi bem recebida pela Polícia Militar. Tanto eu quanto Bacellar somos pessoas maduras e republicanas, e sabemos colocar o Estado acima de interesses pessoais”, concluiu o governador.

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