Castro ganha muitos seguidores após operação policial no Rio

O governador Cláudio Castro, do Rio de Janeiro, conquistou mais de meio milhão de novos seguidores em seu perfil em uma rede social em apenas três dias, após uma grande ação policial que resultou na morte de 121 pessoas nas comunidades do Alemão e da Penha, localizadas na zona norte da capital.

Na segunda-feira, dia 27, Castro contava com 464 mil seguidores no Instagram. No dia da operação, terça-feira, 28, esse número subiu para 478 mil. No dia seguinte, quando moradores começaram a encontrar diversos corpos nas comunidades, o perfil do governador alcançou 746 mil seguidores. Já na quinta-feira, 30, o total chegou a impressionantes 1,2 milhão.

Batizada de Operação Contenção, a ação foi a mais letal da história do Rio de Janeiro. As polícias Civil e Militar mobilizaram-se para cumprir 180 mandados de prisão e busca contra membros do Comando Vermelho (CV). O resultado final foi de 121 pessoas mortas, incluindo quatro policiais, além do bloqueio de ruas e a suspensão de serviços em vários pontos da cidade.

O governo estadual declarou que o objetivo da operação era conter a expansão da facção criminosa e capturar seus líderes. Castro definiu os resultados como “um êxito”. Por outro lado, a Defensoria Pública da União (DPU) apontou possíveis ilegalidades e violações de direitos humanos. Especialistas ouvidos pelo Estadão consideraram a estratégia arriscada e ineficaz no enfrentamento do crime organizado.

De acordo com estudo do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (GENI/UFF), o Rio de Janeiro contabilizou 1.846 mortes em operações policiais desde que Castro assumiu o governo, em agosto de 2020. Entre os anos de 2020 e 2025, foram realizadas mais de 8 mil operações desse tipo. Das 11 operações mais letais no Estado desde 2007, seis ocorreram durante a gestão de Castro.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, representado por Volker Türk, solicitou na quarta-feira, 29, uma reforma ampla e eficaz nos métodos de policiamento no Brasil. O líder em direitos humanos da ONU destacou a necessidade do país em quebrar o ciclo de violência extrema e assegurar que as operações de segurança pública estejam em conformidade com normas internacionais sobre o uso da força.