Mundo
Catar condena Israel por deixar palestinos passarem fome
Último comboio de ajuda humanitária entrou em Gaza há mais de um mês
O Catar acusou Israel de deixar o povo palestino “deliberadamente passando fome”. Em comunicado sobre a situação do conflito no Oriente Médio, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros apelou à comunidade internacional para que pressionasse o governo de Israel, alegando que é “doloroso” ver que a entrega de ajuda humanitária a Gaza ainda é um problema.
“A fome deliberada do povo palestino não pode ser tolerada e a comunidade internacional deve se opor a esta questão”, declarou Majed Al Ansari, salientando que “qualquer ajuda” a Gaza “representa uma parte muito pequena daquilo” que a população necessita.
“Há 2,5 milhões de pessoas que vivem na completa ausência de serviços de saúde e de emergência. Mais de um milhão de pessoas vivem em tendas no Sul da Faixa”, continuou.
Considerando a situação precária do povo palestino, o Catar enfatizou que “a ajuda deve ser fornecida gratuitamente e sem restrições”. Nesse sentido, Al Ansari indicou que enviou 80 aviões com mantimentos que foram entregues através de uma ponte aérea, embora os “desafios” para garantir ajuda humanitária nesta região sejam “grandes e contínuos”.
“Até agora, não assistimos a uma pressão real por parte da comunidade internacional para permitir a entrada total e incondicional de ajuda. O Estado do Catar, em cooperação com seus parceiros, procura pôr fim à agressão antes do mês sagrado do Ramadã. É doloroso que a entrada da ajuda humanitária seja uma das questões a ser negociada”.
ONU
Já na terça-feira (27) as Nações Unidas (ONU) acusaram Israel de bloquear a entrada de ajuda em Gaza.
O porta-voz do Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU garantiu que todas as caravanas de ajuda, que deviam entrar no Norte da Faixa de Gaza, foram bloqueadas pelas autoridades israelenses nas últimas semanas.
Segundo Jens Laerke, mesmo a ajuda humanitária que tem autorização para entrar na Faixa de Gaza é bloqueada frequentemente ou atacada pelos militares israelenses.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a última ajuda humanitária a entrar no território palestino foi há mais de um mês, em 23 de janeiro. E o porta-voz Jens Laerke lamenta que, nesta altura, também seja impossível retirar os feridos da região Norte da Faixa de Gaza.
Ramadã
Com o aproximar do mês sagrado para os muçulmanos, o ministro de Defesa de Israel alertou para o risco de o Irã, o Hamas e o Hezbollah poderem aproveitar os feriados do Ramadã para dar início a uma “segunda fase” dos ataques lançados em outubro contra o território israelense.
“O principal objetivo do Hamas é usar o Ramadã, com destaque para o Monte do Templo e Jerusalém, e torná-lo a segunda fase do seu plano que começou a 7 de outubro”, destacou Yoav Gallant durante uma avaliação do Comando Central das Forças Armadas de Israel.
Segundo o governante que tem defendido não dar margem ao movimento islamita palestino, o principal objetivo do Hamas está sendo “amplificado pelo Irã e pelo Hezbollah”.
“Não deveríamos dar ao Hamas o que não foi capaz de alcançar desde o início da guerra”, frisou Gallant, de acordo com o jornal israelense do The Times of Israel, citado pela agência Europa Press.
Em declarações que se considera terem sido direcionadas ao ministro da Segurança Nacional, Ben Gvir, de extrema-direita, o ministro da Defesa defendeu que devem ser evitadas “declarações irresponsáveis de pessoas que deveriam ser responsáveis”, pois podem levar a uma escalada de acontecimentos em pouco tempo.
Ben Gvir, conhecido pelas suas declarações racistas e ultranacionalistas, tem defendido a imposição de restrições aos palestinos na Cisjordânia e impedi-los de rezar na Esplanada das Mesquitas durante o Ramadã e até proibir o acesso a árabes israelenses com menos de 70 anos a esses locais.
Entretanto, as forças de Israel afirmaram ter atingido “oito alvos terroristas significativos” na noite de ontem.
“Durante a operação conjunta terrestre e aérea na Faixa de Gaza, oito alvos terroristas significativos foram atingidos numa região de onde foram disparados mísseis em direção à cidade [israelense] de Ashkelon na noite passada”, lê-se num comunicado das Forças de Defesa de Israel.
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