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CBS enfrenta acusações de censura após cancelar reportagem sobre prisão em El Salvador
A CBS está sob críticas intensas por ter cancelado repentinamente a exibição de uma reportagem do programa “60 Minutes” que abordava a mega penitenciária em El Salvador, local para onde o presidente Donald Trump enviou imigrantes indocumentados.
A reportagem, que seria exibida no domingo à noite, dava voz a venezuelanos deportados dos Estados Unidos em março e levados para o Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot) em El Salvador.
Essa prisão, que simboliza a política de segurança do presidente Nayib Bukele, vem sendo denunciada por abusos, torturas e violações dos direitos humanos.
A emissora informou que o segmento será exibido em uma edição futura.
Na segunda-feira à noite, um vídeo de 13 minutos sobre o Cecot, com o logotipo do “60 Minutes”, foi compartilhado nas redes sociais X e Reddit, após relatos de que o trecho teria sido exibido na emissora canadense Global TV.
O material, intitulado “Inside Cecot”, foi acompanhado pela AFP, tem Sharyn Alfonsi como correspondente e Oriana Zill de Granados como produtora. A AFP buscou comentários da Corus Entertainment, empresa controladora da Global TV.
A CBS, adquirida este ano pela família de Larry Ellison, um dos homens mais ricos do mundo e importante apoiador de Trump, declarou que a reportagem precisava de mais informações.
No entanto, Sharyn Alfonsi afirma que a decisão foi motivada politicamente. Ela acusa Bari Weiss, chefe editorial da CBS News, de ter barrado a exibição apesar da aprovação da equipe jurídica da empresa.
Em um e-mail interno citado pela mídia americana, Alfonsi disse que a reportagem “é factualmente correta” e que cancelar a exibição após extensas verificações “não é uma decisão editorial, mas sim política”. Para ela, ao não exibir uma matéria já anunciada, “o público perceberá, com justificativa, que se trata de censura corporativa”.
Esse episódio acontece em meio a grandes movimentações no mercado de mídia dos EUA. A Paramount, que controla a emissora, foi adquirida pela Skydance e está tentando comprar a Warner Bros Discovery, uma disputa bilionária sob análise do governo republicano que pode requerer aprovação regulatória.
Trump também tem histórico conflituoso com o “60 Minutes” e, meses atrás, a Paramount concordou em pagar US$ 16 milhões para encerrar uma ação movida contra ela, que alegava manipulação de uma entrevista com Kamala Harris.
Em resposta, Bari Weiss declarou ao The New York Times que o segmento será transmitido “quando estiver preparado” e explicou: “Retirar histórias que não estão completas por quaisquer razões – como falta de contexto adequado ou ausência de opiniões críticas – acontece diariamente em redações de todo o mundo”.


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