Celac e UE promovem encontro em meio a tensões no Caribe

A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia (UE) realizam uma cúpula neste domingo e segunda-feira na Colômbia, marcada pelos recentes ataques das forças americanas no Caribe e no Pacífico.

Os ataques, ordenados pelo governo de Donald Trump, contra embarcações suspeitas de transportar drogas para os Estados Unidos, já resultaram em aproximadamente 70 mortes.

O presidente colombiano, Gustavo Petro, anfitrião do evento, enfrenta seu maior conflito com a administração de Trump, acusando-a de promover execuções extrajudiciais na região.

O encontro acontece na cidade de Santa Marta, localizada na região caribenha ao norte da Colômbia, e sua agenda inclui temas como comércio, transição ecológica, crime transnacional e segurança regional. Porém, especialistas destacam que os movimentos militares dos EUA no Caribe estarão presentes na discussão como um tema essencial.

Vários líderes da América Latina, incluindo Petro, rejeitam as ações americanas. Os ataques aumentaram a pressão sobre a Venezuela, cuja costa é próxima às áreas afetadas, e cuja situação política é alvo de controvérsia internacional.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, presente na cúpula, manifestou-se contra qualquer ação militar terrestre na Venezuela e sugeriu que os EUA deveriam colaborar no combate ao narcotráfico, em vez de usar força letal.

Petro também acusou Trump de liderar uma verdadeira invasão no Caribe e negou acusações do ex-presidente americano ligando-o ao narcotráfico.

Celac e UE mantêm uma longa relação comercial e tecnológica, e discutirão políticas migratórias e o fortalecimento do multilateralismo.

A participação nesta reunião está restrita, com poucos chefes de Estado presentes, entre eles o presidente do Conselho Europeu, António Costa, e o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez. Petro denunciou pressões externas para restringir a presença de líderes caribenhos na cúpula.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, cancelou sua participação devido à baixa adesão internacional.

A cúpula terminará na segunda-feira com a divulgação de uma declaração final que não terá força vinculativa.