O Centro Acadêmico de Agronomia (Caagro), no térreo do Instituo Central de Ciências (ICC) da Universidade de Brasília (UnB), no Plano Piloto, foi depredado durante a noite desta quarta-feira (2). Vidros foram quebrados e paredes pichadas.
O Caagro fica no Campus Darcy Ribeiro, o maior da UnB. Nas paredes externas, é possível ver palavras ofensivas aos estudantes do curso de Agronomia e Veterinária. Os bancos e móveis que ficam do lado de fora da sala, foram virados e também pichados.
Em nota, a UnB informou que “a direção da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária está tomando as medidas cabíveis”. E afirmou que “a UnB repudia qualquer ato de violência e vandalismo e trabalha constantemente para a melhoria da qualidade de vida de toda a comunidade acadêmica.”
Questionada sobre a inexistência de câmeras de monitoramento no local, a UnB disse que “a prefeitura da Instituição está substituindo câmeras inoperantes e ampliando a área de monitoramento em todos os Campi da Universidade, conforme pertinente demanda da comunidade universitária”.
Troca de acusações e ameaças entre estudantes
A diretoria do Centro Acadêmico diz que o ato de vandalismo tem relação com o posicionamento do Caagro que foi contra a ocupação da universidade. Entre os dias 12 e 30 de abril, um grupo de estudantes permaneceu no prédio da Reitoria como forma de protesto.
Os alunos queriam ter acesso ao orçamento da UnB, e questionavam as medidas apresentadas para conter a crise – incluindo demissões de estagiários e terceirizados. Os estudantes de agronomia e veterinária não apoiaram o protesto. A depredação, segundo o Caagro, teria sido uma forma de represália.
A estudante de sociologia da UnB Ludmila Brasil, membro da chapa Todas as Vozes, responsável pela última gestão do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e apoiadora do movimento grevista na UnB, repudiou o ato de depredação. Ela isentou o diretório de culpa.
“Jamais faríamos uma coisa dessas. Acordamos chocados com a notícia. Não tínhamos visto, só ficamos sabendo hoje. Tudo o que a gente não quer é depredação de entidade. A gente quer que elas cresçam e se fortaleçam, independente do posicionamento político delas”, disse.
Segundo ela, a depredação pode ter sido uma resposta a uma suposta agressão de estudantes de Agronomia contra mulheres que participavam da paralisação, na última semana. “Mas não é assim que deve ser feito. Não é olho por olho, dente por dente. Tanto os agressores quanto os que depredaram o CA devem ser punidos, cada um em sua dimensão”, ponderou.
Nas redes sociais, os atritos entre os grupos de universitários são frequentes. Em uma das últimas mensagens, uma suposta estudante da UnB escreve “vontade de queimar o CA de agronomia com os agroboy dentro é o que não falta”.
Em outra postagem é possível ler “ainda tô esperando o dia em que todos os cursos da UnB vão se unir para ir no CAAGRO e acabar com a agronomia”.
Violência no Centro Acadêmico de Geografia
Na quarta-feira (2), uma aluna da UnB foi agredida dentro do Centro Acadêmico de Geografia (Cagea), no térreo do Instituto Central de Ciências, também no Campus da Asa Norte. O agressor não tem vínculo com a universidade.
De acordo com estudantes, o homem de 44 anos entrou na sala com uma garrafa de bebida alcoólica na mão e foi para um dos cantos do centro acadêmico. Lá, começou a fazer rabiscos no chão, com uma caneta vermelha, e ouviu dos alunos que ele não poderia fazer aquilo.
Após uma discussão, o agressor tirou a camisa, deu um empurrão em uma das alunas e depois a acertou com um soco no queixo. Em seguida, os estudantes tentaram imobilizar o homem e receberam mordidas e socos.
O agressor foi levado para a 5ª Delegacia de Polícia, responsável pela região, e autuado em flagrante pelo crime de lesão corporal. Em nota, a UnB repetiu que “repudia qualquer tipo de violência e trabalha constantemente para a melhoria da segurança nos campi e para a qualidade de vida da comunidade”.
Greve dos estudantes
Na tarde de quarta-feira (02), alunos da UnB fizeram uma assembleia e votaram a favor de uma paralisação. O objetivo é continuar o protesto contra a crise financeira que ronda a universidade.
Nesta quinta, em alguns cursos houve aula normalmente. Os estudantes que protestam não dizem quantos aderiram à paralisação. Até a última atualização desta reportagem, a UnB também não havia se posicionado sobre o movimento dos alunos.
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