Economia
Chanceler de Lula vai aos EUA e tenta destravar negociações às vésperas do tarifaço de Trump

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, chegou a Nova York neste domingo, pouco antes do início da alta tarifa imposta por Donald Trump, que pode aplicar uma taxa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos.
Vieira tem compromissos oficiais para uma reunião na Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a situação na Palestina, mas emissários brasileiros indicaram a aliados de Trump que sua ida pode ajudar a destravar negociações tarifárias em nível ministerial.
Apesar de nenhuma confirmação oficial da Casa Branca até o momento, o governo brasileiro foi informado via embaixada em Washington que, caso os Estados Unidos estejam dispostos a discutir tarifas, Vieira também estará aberto ao diálogo, o que pode levar a uma visita à capital americana.
Menos de uma semana antes do prazo final para a aplicação da tarifa americana, os EUA e a União Europeia firmaram um acordo para limitar tarifas a 15%, evitando a sobretaxa de 30% aos membros da UE. Isto tem tranquilizado os mercados no início da semana, mas pressão sobre o Brasil aumenta, pois ainda não há um canal direto de negociação e o risco de enfrentar uma tarifa de 50% continua.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva argumenta que os EUA desejam discutir processos jurídicos em andamento no Brasil como condição para negociações tarifárias. Essa informação foi transmitida às autoridades americanas pelos diplomatas brasileiros.
Donald Trump, ao anunciar as tarifas contra o Brasil, criticou publicamente o julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), classificando-o como uma ‘vergonha internacional’.
Nos bastidores, assessores do presidente Lula afirmam que os americanos hesitam em retomar diálogo comercial, pois querem abordar questões jurídicas brasileiras. Mesmo com os acordos comerciais já firmados por Trump, a situação brasileira é considerada diferente, já que as negociações não se limitam ao comércio, e canais foram intencionalmente bloqueados.
Donald Trump vem criticando abertamente o Supremo Tribunal do Brasil e afirmou que Bolsonaro, enfrentando processo judicial por tentativa de golpe de Estado, está numa situação de perseguição pela Justiça brasileira, o que motivou a abertura de investigação comercial contra o Brasil.
O governo Lula mantém a postura de negociar exclusivamente questões comerciais com os EUA. Em 16 de maio, enviou uma carta à Washington solicitando informações sobre produtos que os americanos desejam vender ao Brasil e sobre interesse em aumento de importações, mas ainda não obteve resposta.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, em nota divulgada na noite de domingo, afirmou que desde o anúncio das medidas americanas o governo brasileiro busca diálogo baseado em negociação, livre de influências políticas ou ideológicas.
“Reiteramos que a soberania do Brasil e o estado democrático de direito são inegociáveis. No entanto, o governo brasileiro continua e seguirá aberto ao debate das questões comerciais, posição clara também para o governo norte-americano,” declarou o ministério.
A nota ressaltou ainda que Brasil e Estados Unidos compartilham uma relação econômica sólida e histórica há mais de 200 anos, e que o governo brasileiro espera preservar e fortalecer essa parceria, garantindo que continue refletindo a profundidade e importância dos laços entre os países.

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