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Chefe do crime ordena atirar para matar em invasão no Distrito Federal

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Em uma conversa interceptada pela polícia, o líder do grupo criminoso que controla parte do assentamento Dorothy Stang, local marcado por conflitos envolvendo grilagem, tráfico e mortes em Sobradinho, mandou iniciar um ataque violento nas ruas próximas.

“Tem que atirar para matar. Tem que ser para causar medo”, afirmou o homem, conhecido como Gilmar, a um colega.

“Estou avisando que sou bandido, não brincadeira”, acrescentou. “Essas pessoas estavam circulando aqui todos os dias. Precisam levar tiros para morrer. E eu quero que sejam mais de vinte disparos para mostrar o nosso domínio, a nossa marca”, declarou.

O assentamento em Sobradinho, chamado Dorothy Stang em homenagem à missionária norte-americana que lutava contra a exploração ilegal da floresta e foi assassinada em 2005, enfrenta uma longa história de violência. Conforme destacado pela juíza Iracema Botelho, o local tem sido palco de verdadeiros conflitos pelo domínio do crime organizado, envolvendo tráfico de drogas, armas e outros crimes.

Originalmente uma área invadida, o assentamento está em processo de regularização, mas grupos criminosos se estabeleceram cobrando dos moradores uma taxa para manter “segurança”, que gira em torno de R$ 30 mensais.

No ano de 2020, diferentes facções que atuam na região sofreram baixas com mortes e prisões de seus líderes, o que levou a adaptações nas estratégias e ações das quadrilhas. Conforme avaliação da magistrada, há uma tentativa contínua de controlar a área para o crime organizado e o tráfico de drogas.

Investigações revelam que as gangues locais possuem territórios bem delimitados, e conflitos entre grupos rivais, como o Comando Nova Colina (CNC) e Galera do Gilmar, têm resultado em várias mortes e tentativas de homicídio, geralmente motivados por disputa territorial.

O CNC expandiu sua área de atuação para o assentamento Dorothy Stang, entrando em conflito direto com o grupo liderado por Gilmar, que já controlava a parte inferior do local com atividades criminosas como tráfico, compra e venda de armas, extorsão e homicídios.

Essa disputa transformou o assentamento em um cenário constante de violência, descrito pelas autoridades como um verdadeiro conflito armado.

Um exemplo emblemático é o caso de uma moradora que adquiriu seu lote em 2017 e desde então pagava uma taxa ao grupo de Gilmar para proteção. Em 2020, após invasão do CNC ao seu terreno, a violência aumentou, incluindo assassinatos ligados à disputa entre as facções.

A situação demonstra um cenário preocupante no Distrito Federal, com crescente atuação de organizações criminosas, alianças entre facções rivais para aumentar o poder de fogo contra o Estado, invasões baseadas em falsas justificativas sociais e crescente corrupção envolvendo advogados e servidores públicos.

Esses fatores moldam uma realidade complexa, que desafia as autoridades locais e evidencia a necessidade de ações efetivas para controlar o avanço do crime organizado.

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