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Chefe do IPCC destaca influência humana no aquecimento global
Diante do crescimento do negacionismo climático, o presidente do IPCC, Jim Skea, reafirmou em entrevista à AFP a importância da ciência, destacando que as mudanças climáticas resultam, sem dúvida, das ações humanas.
A França está recebendo, até esta sexta-feira (5), mais de 600 integrantes do IPCC, grupo de cientistas climáticos da ONU, para iniciar os preparativos do próximo relatório.
O professor escocês, que preside o painel, enfatizou: “É incontestável que os humanos causam as mudanças climáticas que observamos”.
Quando questionado sobre o risco quase inevitável de ultrapassarmos o limite de 1,5º C de aquecimento a curto prazo, ele respondeu que a mensagem do próximo relatório será clara: se quisermos manter o aquecimento global em 1,5º C, as decisões são evidentes. Será necessário reduzir significativamente as emissões relacionadas à energia e ao uso do solo, além de começar a considerar a remoção em larga escala de CO2 da atmosfera, área ainda repleta de incertezas.
O apoio do governo francês ao IPCC, vindo do chefe de Estado e de três ministros, foi ressaltado como muito importante, proporcionando motivação e confiança aos cientistas para avançar em seus trabalhos.
Sobre a desinformação e o negacionismo, especialmente de figuras políticas como o ex-presidente americano Donald Trump, Skea destacou que é fundamental continuar comunicando a ciência de forma clara, reforçando que as evidências mostram que os humanos são a causa das mudanças climáticas.
Embora os Estados Unidos não financiem diretamente o IPCC, eles ainda têm forte presença no grupo, com autores financiados por organizações privadas. O processo de aprovação dos relatórios é complexo, mas, historicamente, sempre foi possível superar os obstáculos para seu consenso.
Quanto ao cronograma do próximo relatório, que pode ser publicado em 2028 ou 2029, dependendo da decisão dos governos, Skea salientou que o importante é que o tempo seja adequado para realizar uma avaliação completa, nem muito curta nem muito longa.
Ao iniciar este novo ciclo, sua mensagem final foi: “Preparem-se para o que vamos divulgar em cerca de três anos! Temos novos temas de pesquisa e lacunas a preencher, como a possibilidade de limitar o aquecimento global a 1,5º C a longo prazo”.


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