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China aumenta uso de carvão para gerar energia apesar do avanço das renováveis

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A China registrou um crescimento na geração de energia a partir do carvão durante o primeiro semestre deste ano, mesmo após alcançar um uso recorde de fontes renováveis, conforme um relatório divulgado recentemente.

Embora o carvão tenha sido uma fonte energética central na China por décadas, a expansão significativa das instalações eólicas e solares nos últimos anos criou expectativas de que o país reduziria o uso deste combustível fósseis prejudicial ao meio ambiente.

Atualmente, o carvão representa cerca de metade da produção elétrica chinesa, uma queda em relação aos 75% registrados em 2016.

Porém, foram colocados em operação 21 gigawatts (GW) de energia baseada em carvão nos primeiros seis meses do ano, o maior valor semestral desde 2016, de acordo com o Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo (CREA) e o Global Energy Monitor (GEM).

Além disso, a China iniciou ou retomou a construção de projetos a carvão que totalizam 46 GW, uma quantidade equivalente a toda a energia a carvão da Coreia do Sul, e apresentou propostas para outros 75 GW adicionais.

Esse crescimento coloca em risco a meta do país de atingir o pico nas emissões de carbono até 2030 e pode consolidar o carvão como parte significativa da matriz energética, destaca o relatório.

Christine Shearer, analista do GEM e coautora do estudo, aponta que o desenvolvimento do carvão na China não apresenta sinais de redução, mantendo as emissões em níveis elevados e o carvão presente no sistema por muitos anos.

Lauri Myllyvirta, principal analista do CREA, explica que a rede pode absorver mais carvão devido à grande quantidade de projetos já autorizados, resultado do aumento de licenças em 2022 e 2023, num momento em que a matriz energética chinesa enfrenta desafios para incorporar o crescimento das fontes renováveis.

Interesses que influenciam o mercado

O aumento do uso do carvão ocorre paralelamente à rápida expansão das energias renováveis na China, as quais atualmente suprem a maior parte do crescimento na demanda de eletricidade.

No primeiro semestre do ano, o país instalou 212 GW de capacidade solar, um recorde que supera toda a capacidade solar instalada nos Estados Unidos até o final de 2024.

A China está no caminho para instalar em 2025 uma quantidade de energia limpa (solar, eólica, nuclear e hídrica) que cobriria a demanda total da Alemanha e do Reino Unido juntos.

O presidente chinês, Xi Jinping, comprometeu-se em 2021 a controlar rigorosamente os projetos de energia a carvão e a reduzir seu consumo gradativamente entre 2026 e 2030.

No entanto, o relatório revela que apenas 1 GW de capacidade de produção a carvão foi desativado no primeiro semestre de 2025, muito abaixo da meta de eliminar 30 GW entre 2020 e o final deste ano.

Qi Qin, principal autora do relatório e analista do CREA para a China, destaca que os fortes interesses ligados ao carvão continuam promovendo novos projetos, o que pode dificultar o avanço das energias renováveis.

Nos próximos meses, a China poderá anunciar novas metas de emissões e energia ao divulgar os detalhes do seu 15º Plano Quinquenal para 2026-2030.

Xi também prometeu que o país detalhará seus compromissos para redução dos gases do efeito estufa até 2035 antes da COP30, marcada para novembro.

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