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China para de comprar soja dos EUA em setembro pela primeira vez desde 2018

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Pela primeira vez desde 2018, a China não importou soja dos Estados Unidos durante o mês de setembro. No período, não foi registrado nenhum pedido do grão cultivado nos EUA, reflexo das altas tarifas impostas por Donald Trump, que levaram o país asiático a retaliar aumentando as taxas sobre a soja americana.

Enquanto isso, as vendas de soja de países da América do Sul cresceram significativamente em comparação ao ano anterior, pois os importadores chineses buscaram outras origens para compensar o aumento das tarifas.

Segundo dados da Administração Geral de Alfândegas da China, divulgados recentemente, as importações de soja dos EUA para a China no mês passado zeraram, contra 1,7 milhão de toneladas no ano anterior.

A colheita nos Estados Unidos costuma iniciar em setembro, marcando a transição entre temporadas de exportação. Isso faz de agosto um mês fundamental para as encomendas chinesas de soja americana.

A partir do começo da colheita, a China normalmente realiza uma série de pedidos às fazendas de estados como Illinois, Iowa, Minnesota e Indiana. Antes disso, as compras chinesas se concentram no Brasil, já que a safra sul-americana ocorre entre abril e maio.

As indústrias chinesas que processam soja para produção de ração animal geralmente fazem reservas antecipadas em agosto para garantir preços mais baixos e abastecimento para as primeiras semanas do ano-safra.

Porém, neste ano, os embarques americanos diminuíram devido às altas tarifas estabelecidas em março e pelos estoques americanos já terem sido comercializados anteriormente.

Em setembro, as importações totais de soja da China chegaram a 12,87 milhões de toneladas, o segundo maior volume já registrado, segundo a Reuters.

Os embarques do Brasil tiveram aumento de 29,9% em relação ao ano anterior, totalizando 10,96 milhões de toneladas, representando 85,2% do total chinês. As importações da Argentina cresceram 91,5%, para 1,17 milhão de toneladas, ou 9% do total.

A China é o maior comprador mundial de soja, enquanto os Estados Unidos são tradicionalmente o segundo maior fornecedor, atrás apenas do Brasil.

Sem avanços nas negociações comerciais entre EUA e China, produtores americanos alertam que o impasse pode levá-los a perdas bilionárias, enquanto os processadores chineses continuam comprando soja da América do Sul.

De acordo com a Reuters, Pequim poderá enfrentar escassez no início do próximo ano, antes que as novas safras brasileiras estejam disponíveis.

Em entrevista, Johny Xiang, fundador da AdRadar Consulting em Pequim, alerta para um possível déficit no fornecimento de soja entre fevereiro e abril se não houver acordo entre as duas maiores economias. Ele destaca que, embora o Brasil tenha enviado grandes volumes, ainda é incerto quanto estoque da safra anterior permanece.

Para a China, suspender as compras de soja americana tem sido uma forma econômica de pressionar Donald Trump antes da reunião com Xi Jinping na Coreia do Sul este mês.

Em agosto, o presidente americano pediu que a China dobrasse a compra de soja dos EUA. Recentemente, afirmou ao falar com jornalistas que deseja que a China volte ao nível de compras anterior e acredita que Pequim esteja próxima de fechar um acordo.

Na semana passada, Trump classificou a decisão chinesa como um “ato economicamente hostil” e sugeriu considerar o fim da compra americana de óleo de cozinha como retaliação.

Contudo, conforme relata o The Wall Street Journal, Pequim ignorou essas ameaças e especialistas indicam que a suspensão das compras americanas deve continuar pelo restante do ano.

Exportações de minerais estratégicos

Enquanto a China interrompe as compras de soja dos EUA, também tem reduzido as exportações de ímãs de terras-raras. As vendas externas caíram 6,1% em setembro comparado ao mês anterior, segundo dados alfandegários.

Essa diminuição reacende preocupações sobre o uso do domínio chinês sobre esses materiais, essenciais para indústrias de defesa americanas e para produtos que variam de carros a smartphones, como uma ferramenta de negociação nas disputas comerciais.

Chim Lee, analista da Economist Intelligence Unit, comenta que as variações nas exportações de ímãs mostram que a China reconhece possuir uma vantagem estratégica nas negociações internacionais.

Nos meses de abril e maio, Pequim restringiu a exportação de vários itens de terras-raras e ímãs para montadoras globais, ao passo que as tarifas americanas atingiam produtos chineses com valores de três dígitos.

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