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Chuvas intensas ameaçam Indonésia e Sri Lanka após grandes inundações
As previsões indicam que novas chuvas nesta quinta-feira (4) elevam a preocupação de que Indonésia e Sri Lanka, ainda em processo de recuperação de enchentes graves, possam sofrer mais danos. Outros países asiáticos também enfrentam desafios semelhantes após as inundações que tiraram a vida de mais de 1.500 pessoas na semana anterior.
Uma forte temporada de monções, combinada com dois ciclones tropicais raros, causou chuvas fortes desde a semana passada em regiões isoladas da Indonésia e Sri Lanka, além do sul da Tailândia e norte da Malásia.
Na Indonésia, a agência climática avisou que as três principais províncias da ilha turística de Sumatra, muito afetadas, terão chuvas de intensidade média a forte entre quinta e sexta-feira.
As chuvas começaram na noite anterior e, apesar de não serem tão fortes quanto as tempestades de novembro, mantêm o alerta numa área já devastada por inundações e deslizamentos.
Sabandi, 54 anos, que está em um abrigo em Pandan, norte de Sumatra, declarou: “Tememos que uma chuva repentina possa provocar outra enchente”.
Na Indonésia, o total de óbitos subiu para 836 até quinta-feira, com a maioria nas províncias de Sumatra do Norte e Aceh, conforme a agência de gerenciamento de desastres.
Mais de 800 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas e mais de 500 seguem desaparecidas. As autoridades alertam que a localização dessas pessoas é difícil de determinar devido à falta de comunicação e energia.
Na área próxima a Sibolga, cidade litorânea do norte de Sumatra isolada pelos danos nas estradas, centenas aguardavam fila em um armazém na quarta-feira.
Nur Apsyah revelou à AFP que nunca viram situação semelhante em Sibolga: “Não há mais alimentos, o dinheiro acabou, não temos trabalho. Como vamos nos alimentar?”, questionou a jovem de 28 anos enquanto aguardava com seus pais sob supervisão militar na distribuição de arroz, após relatos de saques.
Embora as monções sazonais tragam chuvas essenciais para a agricultura na Ásia, as mudanças climáticas têm tornado esses eventos mais irregulares, difíceis de prever e mortais para a região.
A gravidade do desastre dificultou os esforços de socorro.
Em Banda Aceh, correspondentes observaram filas de até quatro quilômetros em postos de combustível.
O governador local liderou um grupo de ajuda na destruição de Aceh Tamiang, entregando 30 toneladas de suprimentos essenciais incluindo água potável, arroz, macarrão instantâneo, biscoitos, ovos e remédios, conforme comunicado oficial.
Em Langsa, Erni, 49 anos, encontrou abrigo com sua família numa sala de oração islâmica. Eles receberam ajuda suficiente para poucos dias, mas a falta de eletricidade e água dificulta a limpeza.
Ela contou que seus móveis e eletrodomésticos foram destruídos e que não conseguem dormir, preocupados com a possibilidade de nova inundação.
No Sri Lanka, meteorologistas preveem que a monção do nordeste atingirá a partir da tarde de quinta-feira.
As autoridades renovaram o alerta de deslizamentos em áreas centrais e desaconselham o retorno dos moradores, pois as encostas saturadas podem desabar com mais chuva.
No vilarejo de Hadabima, onde 18 corpos foram encontrados em seis residências destruídas, VK Muthukrishnan, eletricista de 42 anos, lamentou à AFP que a comunidade não pode mais viver ali, chamando o local de “cemitério”.
O país registrou ao menos 479 mortos e centenas desaparecidos, levando o governo a solicitar auxílio internacional.
A reconstrução de casas, indústrias e estradas deverá custar até 7 bilhões de dólares, conforme avaliação das autoridades, enquanto o Sri Lanka ainda luta para superar sua pior crise econômica.


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