Centro-Oeste
Cidade colorida o ano todo: conheça o calendário de floração do DF

No Plano Piloto, existem mais de 1,5 milhão de plantas que, além de embelezarem a capital, purificam o ar, proporcionam sombra e abrigam a fauna
Atire a primeira pedra quem nunca cedeu ao desejo de bater uma foto embaixo dos flamboyants, em outubro, ou se gabou da fama e beleza dos ipês que colorem a seca de Brasília! Extremamente arborizada, a capital federal encanta pela diversidade de cores e aromas, localizando-se em um dos biomas mais ricos do país, o Cerrado.
Mas a cidade não se mantém florida durante todo o ano por acaso. Foi o arquiteto e urbanista Lucio Costa quem pensou em plantas que se adequariam ao bioma de janeiro a dezembro, além de idealizar espécies que ajudassem a amenizar o calor e a criar barreiras para os barulhos. Pensando nas particularidades de cada mês, em que brotam diferentes árvores, a Secretaria de Turismo desenvolveu o calendário de floração do Distrito Federal.
No Plano Piloto, existem mais de 1,5 milhão de plantas que, além de embelezarem a cidade, purificam o ar, proporcionam sombra, reduzem a ação dos ventos, diminuem ruídos e impactos sonoros, abrigam a fauna, proporcionam conforto ambiental e melhoram a umidade do ar.
Arco-íris de espécies
No verão de Brasília, o protagonismo fica por conta dos jacarandás, palmeiras e lanterneiras. Esta última, divide o mês de março com a bauína rosa, conhecida como pata-de-vaca, e a lanterneira. Em abril e maio, auge do outono, a capital é tomada por quaresmeiras, esponjinhas, cambuí verdadeiro e o landim. No inverno, começam as florações de ipês e jatobás. Espécies como angico farinha-seca, aroeira, baru, cagaita, saboneteira e sapucaia também tomam conta do DF. Na primavera, o calor é aliviado pelas sombras formadas por pitangas, pequizeiros e flamboyants.
Neste mês, as principais florações da região são a pata-de-vaca, a lanterneira e o chichá. A pata-de-vaca é caracterizada por troncos tortuosos, curtos e delgados, podendo apresentar pétalas com coloração branca, rosa ou lilás. A lanterneira, apesar de ser originária da região amazônica, adapta-se muito bem ao Cerrado e chama a atenção por seus cachos de flores pendentes, que lembram espigas de milho. O chichá, único dos três que é nativo do Cerrado, produz castanhas comestíveis e saborosas, além de atrair aves como tucanos e araras, como explica Marcelo Kuhlmann, biólogo e doutor e mestre em botânica.
A primavera se apresenta com jacarandás nas ruas do DF(foto: Minervino Júnior/CB/DA Press)
Força do Cerrado
Como destaca Kuhlmann, o Cerrado se caracteriza por um clima sazonal, com duas estações bem definidas: a seca, de abril a setembro, e a chuvosa, de outubro a março. “Sua vegetação é altamente adaptada a essas condições, apresentando raízes profundas para captar água em períodos de estiagem, estruturas como xilopódios para armazená-la e mecanismos para reduzir a perda hídrica, como folhas espessas com cutícula cerosa, tricomas e caules com cortiça, que também protegem contra o fogo”, explica o pesquisador, formado na Universidade de Brasília (UnB).
No DF, já foram catalogadas mais de 3 mil espécies nativas do Cerrado, concentradas principalmente em unidades de conservação, como o Parque Nacional de Brasília, o Jardim Botânico, a Reserva do IBGE e a Estação Ecológica de Águas Emendadas. “Entre 80% e 90% dessas plantas dependem de animais para a polinização, incluindo abelhas, beija-flores, borboletas e morcegos. Além disso, quase um terço das espécies produz frutos atrativos para a fauna, sendo as aves as principais responsáveis pela dispersão das sementes”, completa o biólogo.
A cagaita é típica do mês de agosto(foto: Daniel Ferreira/CB/ D.A Press)
Para Kuhlmann, o paisagismo urbano deve ir muito além do aspecto ornamental, considerando também a importância ecológica das espécies nativas. “Muitas áreas do DF ainda abrigam vegetação nativa remanescente, que deve ser valorizada e integrada aos projetos paisagísticos urbanos, especialmente porque muitas dessas plantas são de difícil reprodução, levam décadas para se desenvolver ou não são facilmente encontradas em viveiros”, alerta.
Segundo o pesquisador, o uso de espécies nativas no paisagismo reduz custos com manutenção e irrigação, visto que são adaptadas ao clima local, favorecem a conservação da biodiversidade, fortalecem as interações ecológicas com a fauna e podem até gerar sentimentos de pertencimento e conexão na população.
Calendário de floração do DF
Janeiro
- Ingá-mirim
- Ingá-colar
- Jacarandá-caviúna
- Pau-jacaré
- Jenipapo
- Magnólia
- Segawê
Fevereiro
- Araticum
- Jambolão
- Paineira-rosa (barriguda)
- Palmeira buriti
- Palmeira Guariroba
- Palmeira jerivá açu
- Pombeiro
Março
- Bauína rosa (pata-de-vaca)
- Chichá
- Lofantera (lanterneira)
Abril
- Quaresmeira rosa
- Quaresmeira roxa
Maio
- Cambuí verdadeiro
- Esponjinha
- Imbiruçu
- Landim
- Pau d’óleo (copaíba)
Junho
- Ipê-roxo
- Garapa
- Jacarandá-mimoso
- Jatobá-da-mata
- Jatobá do cerrado
- Pau-ferro
Julho
- Angico farinha-seca
- Angico-preto
- Aroeira
- Cedro
- Ipê-amarelo
- Ipê-amarelo-felpudo
- Magno
- Pajeú
Agosto
- Cagaita
- Cássia rosa
- Fisocalima
- Ipê-branco
- Ipê-caraíba
- Ipê-rosa
- Saboneteira
- Sucupira-branca
- Sucupira-preta
- Tamboril
Setembro
- Jacarandá-da-Bahia
- Pau-brasil
- Pequizeiro
- Pitanga
- Quaresmeira-roxa nativa
- Tarumã
- Tipuana
- Vinhático
Outubro
- Flamboyant
- Jequitibá-rosa
- Jequitibá-vermelho
- Sibipiruna
Novembro
- Carvoeiro
- Oiti
Dezembro
- Aroeira-vermelha
- Cambuí ou Canafístula
- Clúsia rosa
- Gomeira

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