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Cidade termal renasce após crise e corrupção na Romênia
A histórica cidade de Baile Herculane, conhecida por suas águas termais, enfrentou um longo período de decadência marcado pela corrupção, refletida em suas construções abandonadas, pichação e destroços. Contudo, um grupo de jovens arquitetos está dedicado a revitalizar este local.
Oana Chirila, 31 anos, descobriu Baile Herculane há oito anos e hoje lidera uma equipe de voluntários empenhados em restaurar a cidade. “Fiquei impressionada com a beleza do local, mas também chocada com o estado de abandono”, relata.
Após anos de negligência, a Romênia assiste a um aumento significativo em iniciativas populares para proteger e restaurar seus mais de 800 monumentos históricos, muitos deles gravemente deteriorados e até perigosos para os visitantes.
O declínio acelerou durante a transição do país do regime comunista para a democracia, um período turbulento caracterizado por privatizações confusas e batalhas judiciais prolongadas, frequentemente alvo do Ministério Público anticorrupção.
Era dourada
Antigamente, as pessoas buscavam as águas termais do local para seus banhos terapêuticos. No século XIX, Baile Herculane viveu seu auge sob o Império Austro-Húngaro. As Termas de Netuno, inauguradas em 1886, receberam o imperador Franz Joseph e a imperatriz Elisabeth, atraídos pelo requinte do espaço.
Com o passar do tempo, as instalações se degradaram e deixaram de receber visitantes. Hoje, turistas observam as ruínas e algumas vezes conseguem ver o interior através das janelas quebradas.
Chirila admite que há sempre o receio de desabamentos e que muitas estruturas encontram-se sob administração judicial, impossibilitando o uso de fundos públicos para reformas.
No entanto, a área está passando por uma recuperação gradual. Áreas termais foram modernizadas com novos vestiários, decks de madeira e piscinas renovadas, trazendo de volta o interesse dos visitantes.
Perspectivas futuras
Os trabalhos de restauração seguem neste verão com o apoio de estudantes motivados. Aura Zidarita, médica de 50 anos, que frequenta o local para relaxar nas águas termais, deseja que o complexo recupere sua forma original, mantendo suas influências austro-húngaras, tornando-se novamente uma joia europeia.
Doina Blaga, outra visitante encantada, compartilha que a experiência é maravilhosa, com a combinação das águas termais e os banhos refrescantes no rio próximo.
O turismo tem crescido na região, passando de 90 mil visitantes em 2020 para 160 mil em 2024.
Stefan Balici, presidente da Ordem dos Arquitetos Romenos, observa que esse tipo de projeto comunitário pode compensar a falta de investimentos estatais e representa lições importantes para salvaguardar o patrimônio histórico.
Chirila reconhece que seus esforços podem parecer pequenos diante dos desafios, mas mantém a esperança e se inspira no interesse crescente de amantes da cidade. Ela conclui: “Herculane enfrentou uma grave decadência causada pela corrupção, porém há esperança de que, graças à ação de cidadãos engajados, essa cidade histórica será restaurada.”

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