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#CidadeLimpa: espelhos d’água de Brasília viram depósitos de entulhos

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A manutenção é falha, mas falta também educação ao brasiliense, que insiste em sujar o espaço público.

Priscila Campos lamenta o abandono do espelho d%u2019água em Taguatinga: "Poderia ser um espaço de lazer"

Priscila Campos lamenta o abandono do espelho d%u2019água em Taguatinga: “Poderia ser um espaço de lazer”

Quem nunca admirou o reflexo de uma bela paisagem num espelho d’água? Na capital federal, são várias as possibilidades. O artista plástico e paisagista Burle Marx já pensava na construção das bacias para atenuar o clima do cerrado. A ideia era amplamente divulgada pelo modernista em praças, jardins, espaços públicos e ambientes abertos. O conceito foi popularizado em projetos do arquiteto Oscar Niemeyer. Disponíveis na Catedral Metropolitana, nos palácios e em outros monumentos, eles atraem olhares curiosos. A maioria, no entanto, chama a atenção pelo mau estado de conservação.

"Ficamos frustrados", admite Roberto do Nascimento, diante da sujeira no espelho do Museu Nacional

“Ficamos frustrados”, admite Roberto do Nascimento, diante da sujeira no espelho do Museu Nacional

Além das marcas indeléveis do tempo e da depredação, os reservatórios estão sujos. Se, por um lado, falta manutenção, por outro está o desleixo do brasiliense com o espaço público. Na Praça do Relógio, em Taguatinga, o descaso é tanto que a fonte do principal cartão-postal daquela cidade passa boa parte do tempo desligada. A situação se repete na Torre de TV, no coração de Brasília.

Na Praça do Buriti, sede do poder local, os dois espelhos d%u2019'gua têm até fontes, mas raramente funcionam. Viraram depósitos de lixo, com entulhos e até a presença de animais mortos

Na Praça do Buriti, sede do poder local, os dois espelhos d%u2019’gua têm até fontes, mas raramente funcionam. Viraram depósitos de lixo, com entulhos e até a presença de animais mortos

O clima seco e quente do planalto central estimula arquitetos a lançarem mão dos espelhos d’água, boa parte deles com fontes. O recurso está presente em áreas públicas, comerciais e residenciais. A proposta de tornar o ambiente mais agradável é frustrada pela negligência do cidadão. “Esse era para ser um espaço de lazer e convivência, mas o desleixo das pessoas e do governo transformou isso aqui em um lugar marginalizado. Faz tempo que nada funciona. A fonte literalmente secou”, reclama a auxiliar administrativa Priscila Kênia Campos, 26, moradora da QNL 16, em Taguatinga Norte. A mãe da moça, Tânia Maria Campos, 51, moradora do Riacho Fundo 2, completa: “Cada vez que passo por aqui está pior. Daqui a pouco nem vai existir mais”.

A indolência não poupa nem a sede do Executivo local. Na Praça do Buriti, em frente ao palácio, há dois espelhos d’água. As fontes raramente são ligadas. O nível da água está bem abaixo do normal e o resto que ainda sobrevive abriga todo e qualquer tipo de lixo. O Correio flagrou durante a semana um pombo morto flutuando na podridão. Além do desmazelo, o ponto turístico sofre com a ação dos flanelinhas. “Trabalho aqui todo dia. Lavo mais de 15 carros diariamente com a água daí. São, em média, 10 baldes por veículo”, contou o rapaz, que pediu para não ser identificado. A poucos metros dali, o aquífero da Câmara Legislativa secou. Atualmente, o espaço está tomado pela poeira.

Há explicação?
A manutenção desses espaços esbarra na burocracia dos órgãos. A Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) é responsável pelo espelho d’água do Palácio do Buriti e pela fonte da Praça Sul do Conic. O órgão não revelou detalhes sobre a limpeza desses lugares. A Secretaria de Turismo responde pela fonte da Torre de TV. Por lá, a limpeza é semanal e um dos equipamentos do chafariz está com defeito, informou a assessoria de comunicação da pasta.

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