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Cidades inundadas no RS enfrentam onda de saques e assaltos

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Cidades inundadas enfrentam onda de saques e assaltos. Polícia Federal e Força Nacional reforçam a segurança dos moradores. Governador promete rigor contra os bandidos que se aproveitam da tragédia

Mais de 30 pessoas foram presas, até esta terça-feira (7/5), no Rio Grande do Sul por participação em saques, roubos e atos de vandalismo nas cidades mais afetadas pela enchente histórica que aflige o estado desde a semana passada. Nem os voluntários que ajudam no trabalho de resgate dos moradores ilhados pela água escapam da ação dos criminosos. Relatos de assaltos a residências e roubo de barcos e mantimentos destinados às vítimas da enchente chegam diariamente às delegacias de polícia de Porto Alegre e das cidades vizinhas. Operações de salvamento que vinham sendo feitas à noite foram paralisadas, por medo dos voluntários, que se queixam da falta de segurança para o trabalho.

Desde segunda-feira (6/5), os barcos que saem nessas operações, incluindo as de distribuição de alimentos, água, roupas e remédios para os moradores que se recusam a deixar suas casas por medo de invasão dos bandidos, passaram a levar pelo menos um brigadiano, como é chamado o policial militar do estado. O medo da população fez com que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), pedisse a Brasília o reforço de tropas federais. Ontem, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, autorizou o envio de mais 100 agentes da Força Nacional para reforçar o patrulhamento das áreas inundadas, que se juntarão aos 120 que já foram deslocados ao Rio Grande do Sul.

Nesta terça-feira (7/5), uma equipe do Comando de Operações Táticas (COT) da Polícia Federal embarcou, em Brasília, em um avião da corporação com destino à Base Aérea de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, para reforçar a segurança dos trabalhos de resgate e atendimento à população atingida. Segundo o Ministério da Justiça, o total de agentes da PF, da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Força Nacional deslocados para as cidades atingidas chegará a 944 servidores até o fim desta semana.

“Recebi a informação de que o nosso pedido pela Força Nacional para reforçar o policiamento foi atendido. A partir de amanhã (hoje), começa a chegada desse importante apoio, inicialmente com 100 homens e, em seguida, com mais 300. Obrigado ao Ministério da Justiça e a todos os estados que estão enviando efetivo neste momento”, postou o governador, em sua conta no X (ex-Twitter).

“Estado de guerra”

O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), lamentou a onda de saques a lojas e residências e disse que o vice-prefeito, Ricardo Gomes, testemunhou algumas dessas ocorrências na zona norte da capital. “Infelizmente, estamos tendo áreas da cidade saqueadas. E não é só em Porto Alegre. Está acontecendo em várias áreas do Rio Grande do Sul que foram severamente atingidas (pelas enchentes). Estamos vivendo um estado de guerra”, declarou o prefeito, em entrevista, para depois reforçar que a prioridade continua sendo o resgate e o atendimento das pessoas que ainda estão nas áreas inundadas pela pela cheia do Lago Guaíba.

No caso citado pelo prefeito, duas pessoas foram presas em flagrante após invadirem casas e furtarem voluntários que recebiam desabrigados. Em São Leopoldo, no Vale do Rio dos Sinos, dois homens e um adolescente que entraram em um condomínio para furtar objetos de residências desocupadas pelos moradores foram presos ao fugir. Na mesma cidade, um homem foi preso em flagrante após abordar um barco com voluntários. O ladrão só não contava com a presença de um brigadiano armado na embarcação. No bairro Mathias Velho, em Canoas, uma lancha foi apreendida e dois homens foram presos transportando 8kg de maconha e 5kg de crack pelas ruas inundadas. Muitos voluntários deixaram de trabalhar à noite, com medo dos assaltos. Também há registro de roubos de jet skis, donativos e cabos de energia e telefonia.

O governador Eduardo Leite disse, no fim da tarde de ontem, que o governo está convocando todos os policiais de férias, e que pagará horas extras para reforçar a presença dos agentes de segurança no estado, o que representará um adicional de mil pessoas ao contingente atual.

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