Um grupo de pesquisadores australianos conseguiu, pela primeira vez, armazenar informações contidas na luz em um microchip na forma de ondas sonoras. A descoberta, publicada nesta segunda-feira na revista Nature Communications, é particularmente importante para a computação, que pretende desenvolver um novo tipo de dispositivo capaz de processar dados na velocidade da luz.
“A informação em nosso chip em forma acústica viaja a uma velocidade de cinco ordens de magnitude mais lenta do que no domínio óptico”, disse em comunicado a supervisora do projeto, a física Birgit Stiller, da Universidade de Sidnei, na Austrália. “É como a diferença entre um trovão e um relâmpago.” O trovão é o barulho que o raio emite, enquanto o relâmpago corresponde à luz que aparece no céu. O relâmpago pode ser percebido por uma pessoa muito antes do trovão, pois o som demora mais para se propagar.
Ao converter a luz em som, os computadores poderiam ter os benefícios dos dados fornecidos via luz – alta velocidade, sem aquecimento causado pela resistência eletrônica e sem interferência de radiação eletromagnética – e a capacidade de retardá-los o suficiente para que os chips possam processá-los. “Este é um passo importante no campo do processamento de informação óptica, na medida em que este conceito satisfaz todos os pré-requisitos para as gerações atuais e futuras dos sistemas de comunicação óptica”, afirma Benjamin Eggleton, também da Universidade de Sidnei, um dos coautores da pesquisa.
Velocidade da luz
No estudo, a equipe desenvolveu um sistema de memória que transfere com precisão informações entre a luz e as ondas sonoras em um microchip fotônico – o tipo de chip que será usado em computadores ópticos. Nesse circuito, a informação entra primeiro como um pulso de luz e depois interage com um pulso acústico, sendo convertida em ondas sonoras. Por último, passa por um pulso de leitura que processa os dados na forma de som e os transmite novamente na forma de luz.
Esse caminho permite que os cientistas retardem a passagem da luz, que naturalmente ocorreria em apenas 2 ou 3 nanossegundos (um nanossegundo equivale à bilhonésima parte de um segundo), para 10 nanossegundos. Essa diminuição na velocidade foi suficiente não só para recuperar a informação que estava sendo transmitida, mas também para processar os dados com uma precisão sem precedentes.
“Nosso sistema não se limita a uma banda estreita. Assim, ao contrário dos sistemas anteriores, isso nos permite armazenar e recuperar informações em vários comprimentos de onda simultaneamente, aumentando enormemente a eficiência do dispositivo”, diz Stiller.
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