A cirurgia bariátrica, embora mais invasiva, é considerada o tratamento de maior efetividade, colaborando para a perda de peso
Um dos pilares do tratamento da obesidade é a cirurgia bariátrica. (iStock/Getty Images)
A população brasileira está aumentando a expectativa de vida e, ao mesmo tempo, também engordando, acarretando em um número cada vez maior de pessoas que passarão pela velhice com problemas associados ao excesso de peso. A obesidade, considerada a pandemia deste século, é uma doença crônica e progressiva, com alta comorbidade e recidiva em seu tratamento, representando importante desafio no seu controle tanto para médicos como para quem vivencia.
Poucas medicações estão disponíveis para auxiliar nessa abordagem e muitas delas sem efeitos satisfatórios. Um dos pilares do tratamento da obesidade é a cirurgia bariátrica. Discutir uma terapêutica não medicamentosa se faz necessário sempre que as comorbidades ou doenças associadas por esse excesso de peso se sobrepujarem aos riscos cirúrgicos, e o indivíduo passar a ter uma qualidade de vida ruim.
Antes de cogitar uma cirurgia, o paciente deve insistir em todas as medidas clínicas para perda de peso (reeducação alimentar, atividade física, mudança de hábitos, medicamentos, ajuda multidisciplinar) por pelo menos dois anos. Devemos ressaltar que motivar o indivíduo no engajamento das mudanças e escolhas, sem julgamentos, é um papel importante dos profissionais que trabalham com obesidade já que é uma condição cujo controle e resultado precisa sempre da participação do paciente. É como se o indivíduo saísse da consulta com um “dever de casa”, tanto no tratamento clínico quanto no cirúrgico.
Maior efetividade
A cirurgia bariátrica, embora mais invasiva, é considerada o tratamento de maior efetividade, colaborando para a perda de peso, evitando sua recidiva e ajudando no controle das comorbidades. Para atingirmos esse “sucesso”, o paciente tem que se informar e compreender bem todo o processo pré e pós operatório, além de estar ativamente engajado nesse objetivo.
Existem hoje diferentes técnicas cirúrgicas reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), cada uma apresenta suas vantagens, desvantagens e peculiaridades no pós operatório. É papel do médico encaixar o paciente em determinada técnica cirúrgica para obter um bom resultado no pós operatório e pode ser um dos principais fatores que determinam o sucesso. Para isso, o paciente precisa conversar, pesquisar e entender bem o que cada procedimento oferece e ajudar na escolha da técnica que mais encaixa com seu perfil e suas necessidades.
Muitos aspectos devem ser discutidos, entre eles quanto que cada técnica oferece de perda de peso versus a expectativa do paciente, as dificuldades na alimentação e hábito intestinal do indivíduo após a cirurgia versus perfil alimentar individual, resultados sobre “cura” de doenças como diabetes, hipertensão, dislipidemia, dentre outras.
Reajustes
O paciente precisa compreender que ele poderá comer todos os alimentos depois de um período da cirurgia, entretanto, alguns hábitos precisarão ser reajustados como velocidade da alimentação, fracionamento da dieta, volume por refeição, facilidade de ingestão de alguns alimentos frente a outros, necessidades nutricionais para evitar carências vitamínicas. Enfim, o paciente tem que compreender bem o novo estilo de vida que o espera e estar disposto a assumir esses novos hábitos, porque hoje temos um índice de reganho de peso em torno de 40%. Os resultados são excelentes quando se trata de perda de peso e redução ou suspensão de medicamentos para outras patologias associadas a obesidade, mas esse não é o único objetivo, o paciente tem que estar bem e feliz.
Para isso, um aspecto importante também é lembrar que hábitos e preferências não irão ser modificados com a operação e, muitas vezes, o paciente pode precisar de acompanhamento psicológico/psiquiátrico para ajudá-lo no ajuste das modificações comportamentais, sociais e afetivas; de acompanhamento nutricional para equilibrar comportamentos alimentares e controlar os exageros e compulsões; e/ou acompanhamento de um profissional de educação física a fim de prevenir reganho de peso e outras complicações clínicas e psicológicas.
A cirurgia não faz o paciente ser magro, ela ajuda o paciente a estar magro! O sucesso depende dessa parceria.
Quem faz Letra de Médico
Adilson Costa, dermatologista
Adriana Vilarinho, dermatologista
Ana Claudia Arantes, geriatra
Antonio Carlos do Nascimento, endocrinologista
Antônio Frasson, mastologista
Artur Timerman, infectologista
Arthur Cukiert, neurologista
Ben-Hur Ferraz Neto, cirurgião
Bernardo Garicochea, oncologista
Claudia Cozer Kalil, endocrinologista
Claudio Lottenberg, oftalmologista
Daniel Magnoni, nutrólogo
David Uip, infectologista
Edson Borges, especialista em reprodução assistida
Eduardo Rauen, nutrólogo
Fernando Maluf, oncologista
Freddy Eliaschewitz, endocrinologista
Jardis Volpi, dermatologista
José Alexandre Crippa, psiquiatra
Ludhmila Hajjar, intensivista
Luiz Rohde, psiquiatra
Luiz Kowalski, oncologista
Marcus Vinicius Bolivar Malachias, cardiologista
Marianne Pinotti, ginecologista
Mauro Fisberg, pediatra
Miguel Srougi, urologista
Raul Cutait, cirurgião
Roberto Kalil, cardiologista
Ronaldo Laranjeira, psiquiatra
Salmo Raskin, geneticista
Sergio Podgaec, ginecologista
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