Uma pesquisa feita pelo Procon Paulistano mostra que 6 em cada 10 processos contra as empresas que prestam serviço de internet em São Paulo são por baixa qualidade de conexão ou velocidade e realização de cobranças indevidas. Essa é o a primeira pesquisa a ser realizada pelo órgão municipal que deve começar a funcionar nesta quarta-feira (13).
O consumidor terá acesso ao órgão apenas na forma digital e o serviço será voltado exclusivamente aos moradores da capital paulista. As denúncias feitas pela internet serão avaliadas pelos procuradores do município.
“Queremos fazer um trabalho que ajude o mercado consumidor de São Paulo, especialmente, dando ênfase ao consumidor paulistano. Que ele seja mais bem tratado, mais informado e que seus direitos sejam mais respeitados”, afirmou o diretor do Procon Paulistano, Ricardo Ferrari Nogueira.
Em fevereiro, quando anunciou o Procon Paulistano, o prefeito Fernando Haddad (PT)afirmou queo objetivo é preencher uma lacuna na defesa do consumidor na capital atualmente.
“A cidade injustificadamente não tinha um Procon. É a maior cidade do país. São 800 cidades com Procons municipais e 11 capitais sem, uma delas São Paulo”, disse na ocasião. O tema é a bandeira de atuação de Celso Russomanno (PRB), que aparece como líder na corrida pela Prefeitura em recente pesquisa Ibope.
Pesquisa
O levantamento, feito no primeiro semestre deste ano, levou em conta 65 acórdãos que terminaram com resultados favoráveis ou parcialmente favoráveis ao consumidor no Tribunal de Justiça de São Paulo.
A maioria das ações, o que corresponde a 95% do total, foram dirigidas às quatro grandes empresas do ramo: Vivo, Claro, Tim e Oi. “A pesquisa retrata, essencialmente, a extrema concentração do mercado responsável pela prestação de serviço de internet”, informou o levantamento feito pela Divisão de Estudos, Pesquisas e Educação ao Consumidor do Procon Paulistano.
Para a análise, foram consideradas as decisões de primeira e segunda instâncias tomadas entre janeiro e junho deste ano, após julgamento dos recursos. Em 43% dos acórdãos (28 acórdãos), as empresas cobraram valores indevidos. Em 15 acórdãos, ou 23% do total, as empresas foram condenadas por problemas técnicos no acesso à internet, principalmente, queda de conexão e velocidade abaixo da contratada. E 9 acórdãos, ou 14% do total, tiveram o serviço interrompido indevidamente.
Nos demais acórdãos, as empresas foram obrigadas a ressarcir de alguma maneira os clientes que apresentaram problemas na instalação do serviço contratado, com venda casada ou problemas relacionados ao cancelamento do serviço.
Reparação
As formas de reparação estabelecidas pelos 65 acórdãos julgados inteira ou parcialmente favoráveis ao consumidor foram variadas e chegaram a ser cumulativas.
A reparação por danos morais chegou a 29 casos, o que corresponde a 44,6% do total. Outras 25 decisões resultaram em indenizações por danos materiais sofridos pelo consumidor, o que representa 38,5% do total.
Procon Paulistano
A diferença entre o órgão de Defesa do Consumidor municipal com o estadual é que o Procon Paulistano é apenas digital e atende apenas quem reside no município de São Paulo.
“Essa triagem vai ser feita pelo CEP do usuário, vai ter um cadastro inicial com login e senha e ele vai apresentar as suas informações com a solicitação que demonstre que ele more realmente na capital”, afirmou o procurador Ricardo Ferrari Nogueira, diretor do Procon Paulistano.
De acordo com Nogueira, as pesquisas de jurisprudência têm como objetivo incentivar o acordo entre as partes. “É estimular a conciliação na mediação pré-processual. Primeiro, a questão do custo, segundo mostrar o que está acontecendo no mercado”. Segundo o diretor do Procon, a estimativa é que uma ação judicial de pequenas causas custe cerca de R$ 8,5 mil.
O Procon Paulistano vai aproveitar a estrutura da Procuradoria Geral do Município e não vai contratar novos funcionários. Cinco procuradores e 60 servidores de apoio atuarão na função.
A atuação do Procon Paulistano deverá ser limitada em relação a queixas de grandes empresas. Isso porque, segundo o secretário municipal de Negócios Jurídicos, Robinson Barreirinhas, queixas relacionadas a grandes fornecedores já cadastrados na Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor.
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