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Com 35 mil pessoas, Mutirão do Refis não teve vistoria dos bombeiros
O Centro de Convenções Ulysses Guimarães, no Distrito Federal, não recebeu vistoria do Corpo de Bombeiros antes de sediar o Mutirão de Regularização Fiscal, evento que reuniu 35 mil pessoas entre os dias 18 e 27 deste mês. Segundo o GDF, a iniciativa foi organizada em conjunto por várias secretarias. O secretário de Turismo, Jaime Recena, afirma que a vistoria não era necessária. A pasta é responsável pela gestão do espaço.
O entramosem contato com o setor de vistoria do Corpo de Bombeiros, que diz não ter sido acionado para vistoriar o local. Segundo os militares do setor, os organizadores de eventos precisam solicitar a inspeção com alguns dias de antecedência, mas nenhum documento foi enviado pelo GDF à área responsável.
O engenheiro civil e especialista em combate a incêndios Vitorino Junior diz que foi ao local na manhã de sexta-feira (27), último dia de mutirão, para renegociar impostos atrasados e encontrou uma “situação alarmante”. “A maioria das pessoas que estava lá eram leiga, não sabia o risco que estava correndo”, afirma.
Nas imagens feitas por Junior , é possível ver portas de emergência amarradas e ganchos para extintores de incêndio vazios. O engenheiro também testa o acionamento da iluminação de emergência, que não funciona. Segundo ele, apenas dois brigadistas estavam posicionados à vista do público, número que seria insuficiente para a quantidade de pessoas no local.
“Todas as saídas estavam lacradas, amarradas. Em uma situação de pânico, as pessoas mais jovens acabam pisoteando, empurrando as outras, é um instinto de sobrevivência. Tinha idosos, gestantes, pessoas com dificuldade de locomoção no local. A Secretaria de Fazenda convocou as pessoas, provocou uma reunião de público e isso exige uma série de cuidados”, afirma o especialista.
Junior diz que ainda tentou conversar com um servidor do GDF que trabalhava no local, mas foi destratado. “Ele me respondeu que ‘a pessoa que sai de casa já está correndo perigo’. Achei uma postura absurda, fiquei preocupado”, diz.
‘Exagero’
Em conversa com o por telefone na sexta-feira (27), o secretário Jaime Recena considerou a preocupação exagerada. “Me parece um pouco de exagero, uma infelicidade. Não era um evento, mas sim um atendimento que é realizado normalmente na administração pública, todos os dias, concentrado em um lugar só”, diz. Ele afirma que o local chegou a receber 400 pessoas simultaneamente durante o mutirão, mas não foi necessário expedir um alvará eventual.
Recena afirma que havia mais de 50 servidores da secretaria no local, além de profissionais do Samu e do Corpo de Bombeiros, brigadistas e vigilantes. “A Polícia Militar e a Agefis estiveram no local todos os dias e não encontraram nenhum problema”, diz.
O secretário diz, ainda, que a obstrução das portas de emergência foi momentânea na sexta, e causada por um problema na porta. O arame teria sido usado para “sustentar” a estrutura enquanto equipes não faziam o reparo do equipamento. Recena sugere também que os extintores podem ter sido retirados dos ganchos para que fossem “posicionados em um local de fácil acesso”.
Sem habite-se
Em 2011, o Ministério Público do DF entrou com ação na Justiça para questionar a falta de acessibilidade no Ulysses Guimarães. O centro não tem carta de habite-se, documento necessário para o uso de qualquer construção. Segundo Recena, a secretaria tem um acordo com o MP para executar um “plano de ação de modificações relacionadas à acessibilidade”.
É este acordo que permite o funcionamento da própria secretaria no prédio, que também hospedou o Centro de Venda de Ingressos da Copa do Mundo e um Centro Aberto de Mídia durante a competição, no ano passado.
Congressos profissionais e shows musicais também são realizados semanalmente no local. O secretário afirma que as obras devem ser concluídas ainda este ano para a expedição definitiva do habite-se.
Fonte: G1
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